O Brasil tem a chance de se tornar um centro de inovação para IA – inteligência artificial na região da América Latina. O pontapé inicial foi dado com lançamento do PBIA – Plano Brasileiro de Inteligência Artificial 2024-2028, em julho último. Encomendado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em março deste ano, o programa prevê investimentos de R$ 23 bilhões entre 2024 e 2028. O aporte virá do orçamento do FNDCT – Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, de contrapartidas do setor privado, entre outras fontes de recursos.
Segundo informações do Ministério da Ciência tecnologia e inovação, o PBIA deve equipar o Brasil com uma infraestrutura tecnológica avançada com alta capacidade de processamento e alimentada por energias renováveis, incluindo um novo supercomputador. O intuito também é desenvolver modelos avançados de linguagem em português, com dados nacionais que abarcam nossas características culturais, sociais e linguísticas. Para tanto, foram planejadas 31 ações em diferentes áreas e com impacto a curto prazo voltadas para resolver demandas na saúde, educação, meio ambiente, setor agrícola, indústria, comércio e serviços, desenvolvimento social e gestão do serviço público.
Mas ainda há muito trabalho pela frente. O Brasil está engatinhando no desenvolvimento e implantação de tecnologias e plataformas de IA. Um ponto relevante é a regulamentação do uso da inteligência artificial. O tema vem sendo debatido desde 2020 no Congresso Nacional e a proposta mais recente é o Projeto de Lei 2.338/2023, que estabelece normas legais para o desenvolvimento, implantação e uso da inteligência artificial no país.
Num artigo publicado nesta edição, Alessandra Montini, diretora do LABDATA-FIA, enfatiza que é preciso transformar o discurso de soberania em ações concretas. Isso também inclui a capacitação de profissionais, o desenvolvimento de tecnologias próprias e, principalmente, uma governança que reflita os interesses do povo brasileiro. “Não basta prometer uma IA soberana; é preciso garantir que ela seja construída de maneira justa, inclusiva e democrática.”
Alessandra acredita que o impacto do PBIA será imenso, não apenas do ponto de vista econômico, e trará transformações profundas em diversas áreas de negócios, como agricultura, saúde, educação e segurança pública. Mas, segundo ela, o que está em jogo é a capacidade de o Brasil ser dono do seu próprio destino tecnológico. “É ter uma IA que não seja uma caixa preta controlada por interesses externos, mas uma ferramenta construída com transparência e ética, que respeite a privacidade e os direitos dos cidadãos. Se falharmos, corremos o risco de trocar uma dependência por outra, perpetuando um ciclo de subordinação tecnológica que não faz jus ao nosso potencial.”
Outros assuntos desta edição são como manter a competitividade rumo à inovação, data center modular, gestão de processos, segurança IoT e carreira.
Boa leitura!