O jornal Valor Econômico reportou na tarde desta segunda-feira, 18, que a Oi aceitou a ideia de fatiar sua ClientCo (a Oi Fibra) entre potenciais interessados. A proposta era vista como menos provável por Rodrigo Abreu, ex-CEO e atualmente integrante do conselho da operadora. O Tele.Síntese procurou a empresa, que diz não comentar o assunto.
Conforme o periódico, a operadora estaria de olho em ofertas recebidas dos maiores provedores regionais brasileiros. A divisão pensada seria por região geográfica (Centro-Oeste, Norte, Nordeste + Minas Gerais, Sudeste e Sul).
O estado de Minas Gerais teria sido acrescentado ao Nordeste para atrair mais interessados. Este noticiário apurou que um deles seria a Alloha Fibra. Procurada, a empresa nega e diz que não há nenhuma conversa sobre o tema com a Oi. Outros interessados, conforme o Valor, Vero/Americanet, Alares, Sky e Desktop também negociam. As empresas já estariam com a proposta para avaliação, e devem responder em 30 dias. Nenhuma comentou as informações.
Cenário
Dados da Anatel mostram que a Oi terminou 2023 com 4,33 milhões de clientes de fibra óptica. A maior parte dos clientes está no Sudeste (com MG) e no Sul. No Sudeste há 1,44 milhão (984 mil sem MG). No Sul, 1,14 milhão. Ao colocar Minas no NE, a Oi faz a região ter 997 mil clientes. No Centro-Oeste a companhia tem 677 mil assinantes; e no Norte, 534 mil.
O fatiamento tem também particularidades. Não está claro quem teria interesse no Norte, região em que a Oi é a competidora única com mais clientes, à frente de Claro e Vivo. Ali não há outros ISPs médios dentre a lista de interessados apontada nos rumores.
No Nordeste, dentre as cotadas como potenciais compradoras, têm forte presença os provedores Alloha, Alares (e Vero, considerando Minas). No Centro-Oeste, Vero/Americanet; no Sudeste, Desktop, Alloha e Vero (considerando Minas); e no Sul tem também Vero.
Pelo regulamento de competição da Anatel, o PGMC, empresas com até 5% do mercado em uma região não são consideradas dominantes. Sem a classificação de detentoras de poder de mercado significativo, essas empresas têm menor ônus regulatório. Mas se chegarem ao teto, passam a responder por obrigações, assim como Claro, TIM, Vivo e Sky (que pede revisão da classificação).
O mercado total de banda larga fixa brasileiro tem 47,9 milhões de assinantes, seguindo os dados oficiais da Anatel. Significa que qualquer empresa com menos de 2,39 milhões de clientes não é considerada PMS. Confira abaixo quais empresas passariam a ser PMS conforme a região à venda da ClientCo (cálculos do Tele.Síntese).
Empresa | Acessos atuais totais | Com base Oi NE+MG | Com base Oi Sul | Com base Oi Norte | Com base Oi SE | Com base Oi CO |
Alloha | 1.570.915 | 2.568.456 | 2.715.729 | 2.105.706 | 2.555.261 | 2.248.593 |
DESKTOP | 1.026.857 | 2.024.398 | 1.144.814 | 1.561.648 | 2.011.203 | 1.704.535 |
Vero/Americanet | 1.346.622 | 2.344.163 | 2.491.436 | 1.881.413 | 2.330.968 | 2.024.300 |
ALARES | 625.995 | 1.623.536 | 1.770.809 | 1.160.786 | 1.610.341 | 1.303.673 |
**Atualizado em 19 de março, com a posição da Alloha, de que não vem negociando com a Oi.