O setor de cartões deve movimentar mais de R$ 4 trilhões em 2024. A Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs) estima que os pagamentos feitos nas modalidades débito, crédito e pré-pago somem de R$ 4,05 trilhões a R$ 4,12 trilhões. Em relação ao ano passado, a alta deve ficar entre 8,5% a 10,5%.
“Acho que a indústria tem toda a capacidade para crescer em dois dígitos”, disse Giancarlo Greco, presidente da entidade, em coletiva de imprensa realizada nesta terça-feira, 12, durante o Congresso de Meios Eletrônicos de Pagamento (CMEP), em São Paulo.
Greco ainda indicou que o setor deve crescer com impulso do uso do cartão de crédito, que deve avançar de 10% a 12% neste ano. O débito, segundo ele, “deve andar de lado, com um crescimento muito pequeno”, na ordem de 0,4% a 0,7%. A estimativa para o pré-pago é de alta de 21% a 27%, mas se trata de uma modalidade com um volume muito menor de transações.
Segundo o presidente da Abecs, a diminuição da inadimplência e a inflação em nível mais controlado estimulam o uso do crédito, em vez do débito. Além disso, destacou que o avanço no uso do crédito deve acontecer sem necessariamente uma expansão do limite dos clientes ou do aumento do número de cartões em circulação.
“Temos 400 milhões de cartões hoje no mercado brasileiro. Não vemos um aumento muito disso”, sinalizou.
A entidade também apresentou projeções para os principais indicadores da economia. As estimativas da Abecs apontam o Produto Interno Bruto (PIB) desacelerando para 1,77% e o desemprego encerrando o ano a uma taxa de 8%. A inflação deve ficar em 3,76 – acima da meta, mas dentro do intervalo de tolerância. Já a taxa Selic deve terminar 2024 a 9% ao ano.
Rotativo
Sobre o rotativo do cartão de crédito, Greco disse que a entidade “sempre achou que essa discussão teria um tempo mais longo”. Ainda assim, indicou que o “teto traz um limite, o que só tem efeitos positivos, mas não necessariamente vai contribuir de forma imediata para redução da taxa do rotativo”.
Nesse sentido, o presidente da Abecs apontou que, para uma efetiva redução da taxa, é necessário implementar “uma série de medidas estruturantes”, como oferta de outros produtos, portabilidade, Open Finance e educação financeira.
De todo modo, Greco adiantou que a Abecs planeja enviar ainda este mês uma proposta abrangente sobre rearranjo de riscos ao BC. “Pretendemos levar isso ainda esse mês, nos últimos dias de março, para sentar com o BC e discutir uma proposta que possa colaborar com todo o ecossistema”, pontuou.