O prêmio Nobel de Física deste ano foi concedido a três físicos que trabalham com um fenômeno chamado comumente de “entrelaçamento quântico”, onde duas partículas subatômicas se comportam como uma unidade, mesmo quando separadas por distâncias cósmicas, compartilhando algumas propriedades – o que afeta uma delas, afeta a outra imediatamente, sem lapso de tempo.
Vocês podem conferir a partir dos links no final do artigo mais informações sobre o que Albert Einstein chamou pejorativamente de efeito fantasmagórico à distância – ele resistiu às ideias iniciais da física quântica, embora esta tenha nascido parcialmente do trabalho do próprio Einstein.
Mas, fantasmagórico ou não, as consequências do entrelaçamento ou emaranhamento serão os computadores quânticos, as transmissões totalmente seguras de dados, novas tecnologias de compartilhamento de informações e muito mais.
O que isto tem a ver com as empresas de tecnologias, desenvolvedoras de produtos e serviços certamente inovadores, mas para aplicação imediata e atendimento às demandas no do mercado? São empresas comerciais, disruptivas, mas centros de pesquisas de física teórica, tipo Max-Planck-Institut für Physik (MPP), um dos berços da teoria? Aliás, Max Planck, pai da física quântica, não trabalhou no Instituto que leva seu nome, mas Albert Einstein foi presidente do Conselho.
Tem muito a ver, um pouco pela vocação de inovadores, um pouco por sede de conhecimento. As melhores empresas e empreendedores, aqueles que mudam a realidade do mercados, têm uma forte característica da pelo limite do conhecimento e não apenas em sua aplicação no portfólio.
Mas, para estes ditos sonhadores também funcionem como empresas que buscam ganhar market share, criando empregos e gerando resultados para os seus investidores, precisam se lembrar de alguns princípios da hermética física de partículas: precisam criar um modelo de operação que replique o entrelaçamento quântico, onde não há separação de propósitos e prioridade entre os interesses da empresa, dos clientes e dos colaboradores das duas partes – tudo que afeta a uma das partes, será também sentida imediatamente pelas demais.
Max Planck não pensou nisso, mas ele certamente tinha outras preocupações, como virtualmente criar uma nova física ou calcular um número meio misterioso que hoje chamamos de Constante de Planck e que ajuda a entender o entrelaçamento quântico. A propósito, me contaram que o valor é h = 6.626 068 91 (58) × 10 -34 Js.
Devemos todavia considerar que as formulações teóricas, em física ou em tecnologia, ficam para os especialistas e pesquisadores. O setor de TI tradicionalmente se colocava com um conhecimento fechado, de solução de complexos problemas e das soluções para iniciados, mas esta visão foi superada por uma perceptível democratização do tema. TI e IA viraram pauta de conversa da mesa de bar, dos jovens na escola, das famílias em casa e de executivos e executivas nas empresas. A ganhou outro status, agora é popular e faz parte da rotina de muita gente – é outra vibe!
Por isso as empresas, ou pelo menos a nossa, estão desmistificando e simplificando a abordagem ao assunto, e convidando também o mercado (nossos clientes) para essa nova maneira de pensar TI. Devemos deixar de lado o ainda dominante pensamento fabril-fordiano de produtos fechados, passando a priorizar o desenvolvimento de produto de maneira mais participativa e artesanal, entrelaçada ao interesse e acompanhamento do cliente.
O sonho que deve ser compartilhado por nós, empreendedores, não deve ser o Nobel que Planck recebeu em 1918, mas sim trabalhar para sermos disruptivos, revolucionários, brutalmente eficientes – e fazendo gente feliz. Esse é o caminho para a tecnologia no mundo.
Fabrício Visibeli, sócio-diretor da CBYK.
