Com o objetivo de fechar o ano com 200 mil clientes, o grupo Brasil TecPar, com sede em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, acelera a aquisição de provedores de internet e expansão da rede. Só em 2021, a companhia já incorporou quatro ISPs e mais um data center de alta capacidade, este localizado em Joinville, em Santa Catarina, afirma o CCO (Chief Commercial Officer) da empresa, Flávio Gomes.
Com as novas aquisições, o número de clientes saltou para 130 mil. Além disso, o grupo deve lançar no segundo semestre seu serviço de telefonia móvel, por meio de rede virtual, que vai se somar aos serviços de banda larga fixa, IPTV, telefonia fixa e serviços educacionais. Em dois anos, o número de aquisições pelo grupo chegou perto de 30 empresas.
“Nós temos um plano nacional, mas estamos centrando maiores esforços nas regiões Sul e Sudeste, onde há muito para se fazer ainda”, diz Gomes. O orçamento para 2021 pode ultrapassar R$ 350 milhões, de recursos próprios, alavancagem e equity.
Leilão
Sobre o 5G, o grupo não tem planos de participar do leilão sozinho e ainda estuda a possibilidade de entrar em algum consórcio. O que Gomes considera mais viável é a obtenção de licenças em um segundo momento, via mercado secundário ou no cumprimento de obrigações de forma terceirizada, ou seja, num plano colaborativo.
“Nossa infraestrutura será fornecida para os detentores do espectro, seja para backhaul, ligação das antenas, e toda a rede terrestre de fibra óptica”, afirma. A expansão de rede também visa esse mercado do 5G. A expectativa é de que 35% do crescimento do grupo se dê pelo aumento da rede e fortalecimento da infra existente. Atualmente, a Brasil TecPar possui 12 mil kms de redes, entre backbone e última milha.
Agronegócio
O grupo possui duas empresas, a Ávato, que cuida dos clientes corporativos e a Amigo Internet, que entrega banda larga por fibra e OTT nas casas. “Quando a gente entrega fibra, outros serviços de valor agregado são oferecidos”, afirma o CCO. Um exemplo disso são os serviços de monitoramento, que já estão em testes em cidades da serra gaúcha e na região metropolitana de Porto Alegre. “Nossa oferta é robusta e já consagrada”, afirma.
Outro ramo de atuação do grupo é na área rural, onde já detém produtos maduros e outros em prospecções. “Nesses projetos, a mobilidade ajuda bastante”, afirma Gomes. Ele observa que o Rio Grande do Sul tem uma produção agrícola importante e que o agronegócio ainda carece de infraestrutura de conexão. “Essa é a mola do Brasil”, reconhece.
Sobre rede neutra, Gomes acha um movimento interessante e a empresa está pronta para complementar as infraestruturas de outras operadoras. “Mas não estamos casados com nenhum dos projetos já apresentados”, disse. Ele entende que essas estruturas vão elevar o nível de governança para o uso de postes, que precisa de uma solução efetiva. “É isso que defendemos, de ficar nos postes só quem trabalha com responsabilidade”, assinala.
Fundos e IPO
Gomes admitiu que o grupo tem conversas adiantadas com fundos de investimentos, justamente porque a empresa é organizada, opera com alto grau de governança, balanços auditados por duas das três maiores empresas do ramo (Big Three). Além disso, a infraestrutura conta com alto padrão de construção e operação, seja do ponto de vista de equipamento, seja do ponto de vista de tecnologia, redundância e sistemas.
“A gente se cerca hoje do que tem de melhor no mercado, nós estamos falando de SAP, um projeto ousado e talvez a menor operação desse sistema, mas optamos por ele pensando em escalar”, disse. A plataforma de RH da Brasil TecPar é da Senior, banco de dados da Oracle e infraestrutura de rede primária da Cisco.
“Nosso padrão de operação é de alto nível e tudo isso nos põe numa vitrine muito seleta para conversar com os fundos de equity”, afirma Gomes. Segundo ele, o grupo não pensa em vender o controle da operação, mas agregar recursos de gestão e conhecimento, para ter ainda mais governança e alcançar o objetivo de promover sua IPO, de abrir o capital, em 2023.
Antel
Depois de comprar três ISPs em Santana do Livramento, na fronteira entre o Brasil e Uruguai, a Brasil TecPar mantém conversas adiantadas com a Antel, empresa pública de telecomunicações do país vizinho, para troca de infraestrutura de ambos os lados. “É uma maneira de fortalecer nossa infraestrutura na região”, disse.
Segundo Gomes, a rede da Antel tem saídas internacionais interessantes e data center de alto nível. Mas ainda não há planos para operar no país vizinho. “Nosso país é muito grande e ainda temos muito a fazer por aqui”, completou.
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