Se em um ato de romantismo você disse que alguém era o ar que você respira, talvez devesse ter trocado por outro elemento, afinal, o ‘ar que você respira’ é uma mistura de vários gases, enquanto o Carbono, é praticamente único em sua essencialidade para manutenção da vida e tudo o que existe.
Mas tudo bem, ele é um pouco saidinho e faz até quatro ligações com uma boa parcela de elementos, então, a solução talvez seja continuar apenas dizendo o quanto a pessoa é especial para você, sem comparações ou metáforas.
Mas ele é de fato um dos componentes mais apaixonantes da Tabela Periódica. Sua versatilidade e propriedades fazem dele peça-chave para a existência de toda vida na Terra.
Conheça um pouco mais sobre o elemento capaz de produzir churrascos deliciosos e ao mesmo tempo, compor anéis de noivado.
Carbono em todos os lugares e em todas as formas
O Carbono é o 6º elemento da tabela periódica, e não coincidentemente, seu número atômico é o seis, representado pelo símbolo ‘C’. Ele recebeu seu nome em alusão a forma como ele geralmente é encontrado na natureza, o carvão.
Ainda que seja um dos elementos mais abundantes do universo, na crosta terrestre ele não possui tanta representatividade, não participando da lista dos 10 elementos mais presentes. Não há uma coerência na literatura sobre sua posição exata no ranking, mas em uma média, ele é o 15º elemento mais presente em nosso planeta.
O seu uso como produto para combustão é realizado desde três mil antes de Cristo, contudo, foi classificado como elemento químico apenas em 1789 por Antoine Lavoisier, tendo suas propriedades estudadas e posteriormente, outras “formas de existir” foram incluídas ao perceber-se que os átomos de Carbono conseguem se organizar de diferentes modos.
Uma das propriedades mais interessantes desse elemento é a capacidade que ele possui de ligar-se em longas cadeias carbônicas, formando diversos compostos essenciais para nossa existência.
Todas as formas de vida conhecidas são baseadas em Carbono. Nos seres humanos, por exemplo, estima-se que haja uma proporção de 18% do elemento compondo nossas estruturas. Na temperatura e pressão certas, você é uma joia. Eu já explico isso.
E como ele está presente em tudo o que é vivo, e até em coisas não vivas, nós constantemente estamos consumindo e produzindo compostos de Carbono.
Esse ciclo de reciclagem do Carbono é essencial para que cada molécula possa ser reutilizada mantendo as estruturas vivas em perfeita harmonia ao ligar-se novamente a outros elementos formando carboidratos, proteínas, dentre outros compostos essenciais.
Do outro lado da moeda, observando os combustíveis fósseis como carvão e petróleo, podemos notar uma organização de compostos carbônicos que passaram por fenômenos de pressão e temperatura que os produziram.
Quando esses compostos são colocados para queima, podem produzir diversos gases, como o monóxido de carbono, dióxido de carbono, dentre outros produtos resultantes da combustão.
Até certo ponto, essa transformação em gás é desejada, pois ao disponibilizar o CO2 para o meio ambiente, ele pode ser reciclado pela fotossíntese, difusão simples nos oceanos ou transformação bioquímica, contudo, há uma saturação entre a capacidade de reciclagem e a dispensação desses gases. Com isso, há um descontrole que acaba ocasionando em fenômenos de aquecimento global.
Mas o cardápio do Carbono ainda tem outros pratos. O grafite que você utiliza na lapiseira ou no lápis também são formas de organização atômica desse elemento. Mais do que isso, o plástico e a madeira que envolvem essas ‘minas’ também possuem toques do elemento.
E voltando para a exclusividade do amor representado em rochas frias, o diamante nada mais é que uma forma bem organizada de Carbono, que passou por processos de arranjo molecular sob efeito de altas pressões e temperaturas.
Lembra que eu disse que você tem uma boa quantidade do elemento seis em você? Pois bem, nas condições ideais, você pode ser um diamante em formação, mas na pior das hipótese, em alguns milênios, você pode se tornar petróleo, que também tem um bom valor de mercado.
Contando com o Carbono
Além de estruturar a vida e dar subsídio para que você possa sobreviver, o Carbono também desempenha outras funções. Ele pode ser encontrado na forma dos isótopos 12, 13 e 14. O Carbono-12 é utilizado com padrão de medida para todas as massas atômicas dos outros elementos.
Anteriormente, esse cálculo era realizado com base nos dados do Oxigênio, contudo, em meados de 1961, a IUPAC (União Internacional de Química Pura e Aplicada), decidiu realizar a modificação, sendo adotada pelo Comitê Internacional de Pesos e Medidas poucos anos depois.
Outro uso bastante interessante do Carbono é a datação. Seu isótopo 14 é radioativo e deixa uma assinatura de decaimento ao longo do tempo. Tudo o que possui o elemento pode ser datado com base nessa taxa de meia-vida da radiação.
Por isso, você já deve ter se deparado algumas vezes com manchetes explicando que arqueólogos, geólogos ou outros cientistas conseguiram determinar a data de um determinado fóssil ou artefato.
Ele está em literalmente quase tudo, por isso, então não se surpreenda caso começa a notar a quantidade de coisas que recebem o prefixo ‘carbo’ por aí. No seu corpo, na tecnologia, nos vergalhões de aço que sustentam sua casa, no anel de noivado, no cortador de vidro, nas lixas de diamante, tudo tem um toque de Carbono.
E fica a lição de casa, você acha que todas as formas de carbono são boas condutoras de calor e eletricidade? Dica: uma certa desordem pode ser mais eficiente do que um alinhamento perfeito.
Qual outra curiosidade sobre o Carbono você tem para compartilhar? Nos conte em nossas redes sociais quais outros usos e funcionalidades esse elemento tão versátil pode ter e em clima de Valentine’s Day, com qual elemento você compararia a singularidade do seu amor.
Enquanto preparamos a apresentação do sétimo elemento da Tabela Periódica, saiba o que aconteceria se tentássemos misturar todos os 118 componentes da tabela. Até mais!
