Pesquisadores da Universidade de Murdoch, na Austrália, descobriram que as propriedades bacterianas transmitidas pelo sexo e encontradas no microbioma genital de cada pessoa são como uma espécie de digital. Segundo o levantamento, a análise minuciosa dessas características, chamadas de “sexoma”, pode ajudar a encontrar agressores sexuais.
Os cientistas recrutaram 12 casais heterossexuais de relacionamentos monogâmicos entre 20 e 30 anos para entender se o sexoma conseguiria ser transferido por meio de atos sexuais com penetração, com e sem preservativo. De início, os participantes tiveram amostras de seus órgãos genitais para fornecer uma base comparativa.
Após o período de testes com os atos sexuais, com um espaçamento entre 2 e 14 dias, os pesquisadores observaram que o sexoma de uma pessoa era identificado em seu parceiro, embora não seja algo 100% consistente em todos os casais. Inclusive, nos testes realizados com preservativo, foi observado que a maioria das bactérias foi transmitida das mulheres para os homens.
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A testagem também aponta que fatores como circuncisão, tamanho de pelos pubianos, uso de lubrificante ou realização de sexo oral não interferiu significativamente na diversidade do sexoma.
Nova forma para identificar agressores sexuais
Segundo o presidente da Escola de Ciências Médicas, Moleculares e Forenses da Universidade de Murdoch e autor sênior do estudo, Brendan Chapman, poucos estudos como esse exploraram a diversidade de microbiomas presentes no pênis e vagina em um contexto forense.
Para ele, o estudo pode significar uma nova forma de identificar agressores sexuais, mesmo quando uma camisinha é utilizada no ato. “Os resultados desta pesquisa mostram que a análise do microbioma pode ter alguma utilidade na investigação de casos de agressão sexual como uma ferramenta adicional quando o DNA masculino não está presente”, aponta Chapman.
Em muitos casos de estupro e outros crimes sexuais, a perícia tenta isolar o DNA masculino do feminino para identificar os criminosos. Contudo, o processo tem um alto grau de dificuldade, logo o sexoma surge como uma alternativa.
Agora, o time de pesquisadores busca entender por quanto tempo o sexome é detectável após a atividade sexual.