A transformação digital nos sistemas de transporte e vigilância trouxe eficiência, agilidade e inteligência para as cidades. No entanto, também traz consigo um grande desafio que é o de garantir a proteção dos equipamentos e softwares das vulnerabilidades críticas de segurança cibernética. A partir do momento que passamos a ter as infraestruturas essenciais, também chamada de infraestrutura OT(Tecnologia Operacional), como semáforos, ferrovias e aeroportos, dentre outras conectadas à internet, as mesmas passam a ser alvos de ataques hackers.
Por serem sistemas complexos, a implantação de cada Sistema de Tráfico Inteligente (ITS) acaba sendo por si só um projeto e possui características únicas. Sendo muitas vezes impossível prever todos os desafios e mesmos problemas que podem surgir. Isso se deve as características das plataformas e limitações de instalação e infraestrutura, desde níveis de Transport Layer Security, criptografia, qualidade e disponibilidade de conectividade e até a integração com sistemas já existentes.
Ambientes críticos e vulnerabilidades
Considerando esse ambiente onde tudo está conectado e que cada vez mais temos informações críticas como transações financeiras, informações sensíveis de usuários, dados e imagens que podem ser utilizadas como provas de crimes e/ou infrações, dentre outra informações sensíveis circulando pela nuvem, passando por servidores e datacenters, sendo armazenadas em servidores expostos á internet, etc.. e principalmente grandes serviços de Big Data fazendo cruzamento e relacionamento entre todas essas informações. As empresas de tecnologia precisam cada vez mais investir em cibersegurança e em implementar políticas e procedimentos muito sérios na gestão de todos esses serviços e principalmente avaliação e correção constante de possíveis vulnerabilidades. Para todos que trabalham com desenvolvimento de soluções é muito claro que não é um trabalho simples, pois muitas vezes essas vulnerabilidades podem estar no próprio código da empresa, na versão do banco de dados que ela escolheu ou até no sistema operacional da máquina onde esses sistemas ficam hospedados.
A usuário é fator-chave
Não basta investir em tecnologia e camadas e mais camadas de segurança em software se a cultura de segurança não estiver enraizada. Muitas vulnerabilidades surgem de práticas inadequadas, como o uso de senhas fracas, negligência nos processos, falta de conscientização sobre phishing dentre outros ataques. A mudança cultural é tão importante quanto a implementação de mecanismos de segurança e criptografia.
A garantia de sistemas críticos de transporte seguros depende de uma abordagem em múltiplos níveis:
- Automatização: garantir que patches e atualizações sejam aplicados rapidamente, minimizando janelas de vulnerabilidade;
- Segmentação de Redes: isolar ambientes críticos, como sistemas de controle de tráfego e de transações financeiras;
- Capacitação e Treinamento: promover uma cultura de segurança cibernética entre colaboradores e usuários finais;
- Monitoramento Contínuo: implementar soluções de detecção de intrusões e análise de logs para identificar ameaças em tempo real.
A segurança cibernética em sistemas de transporte não é apenas uma questão técnica; é uma responsabilidade social. Ataques a veículos, semáforos, ferrovias ou aeroportos podem paralisar cidades inteiras, causando caos e colocando vidas em risco. A jornada para cidades inteligentes e seguras começa com a conscientização de que cada linha de código, cada atualização e cada decisão técnica impactam diretamente a vida das pessoas.
Alexandre Krzyzanovski, Diretor de Engenharia da Pumatronix.
