O conceito de oferecer serviços completos por meio de software não é novo. Ele já foi mencionado em diferentes momentos da evolução tecnológica, mas sempre encontrou limitações práticas que impediam sua plena execução. Agora, com o avanço de tecnologias como a Artificial Decision Intelligence (ADI) e a Artificial General Intelligence (AGI), esse modelo ressurge com uma força renovada, tornando-se uma realidade que redefine a maneira como serviços digitais são concebidos e entregues.
A ADI é um exemplo claro de como a evolução tecnológica potencializa a ideia de serviços completos. Diferente de sistemas tradicionais que apenas processam informações e fornecem dados passivamente, a ADI é projetada para tomar decisões informadas com base em análises de dados e aprendizado contínuo. Essa capacidade permite que o software aja proativamente, antecipando necessidades e resolvendo problemas antes mesmo de serem identificados pelo usuário.
Já a AGI vai além, simulando a habilidade humana de aprender, adaptar-se e executar tarefas em múltiplos domínios. Com a AGI, os serviços podem oferecer experiências altamente personalizadas e integradas, combinando soluções de diferentes áreas em uma única plataforma.
De acordo com uma pesquisa da Gartner, até 2026, mais de 75% das empresas globais irão utilizar tecnologias de inteligência artificial avançada em seus processos de SaaS, buscando maximizar a personalização e eficiência operacional. Além disso, o Relatório de Tendências em Cloud Computing 2024, da Forrester Research, destaca que os modelos SaaS 2.0 têm o potencial de reduzir em até 30% os custos operacionais das empresas, ao consolidar soluções anteriormente fragmentadas em plataformas unificadas.
Nesse novo modelo, a personalização atinge um nível inédito. Empresas podem oferecer soluções adaptáveis, moldadas às especificidades de cada cliente, sem os impactos negativos que customizações geravam anteriormente em bases de usuários mais amplas. Isso é possível graças à combinação de automação, aprendizado de máquina e uma integração profunda entre plataformas, que garantem flexibilidade e escalabilidade.
A ascensão do SaaS 2.0 também é corroborada por dados da IDC, que preveem que, até 2028, o mercado global de SaaS ultrapassará a marca de US$ 1 trilhão, impulsionado principalmente por plataformas inteligentes que integram dados, aprendizado e tomada de decisão. Isso reflete um movimento claro de mercado em direção a soluções mais completas e centradas na experiência do cliente.
O SaaS 2.0 não apenas redefine o papel do software, mas ressignifica a relação entre empresas e clientes. Não se trata mais de entregar um produto, mas de fornecer um serviço completo que se adapta, cresce e evolui em conjunto com as necessidades do usuário. Este modelo marca uma transformação cultural e tecnológica, em que a experiência do cliente é colocada no centro de todas as decisões.
A consolidação desse conceito não apenas reforça a relevância das tecnologias emergentes, mas também demonstra que ideias aparentemente à frente de seu tempo podem encontrar terreno fértil quando os avanços tecnológicos permitem sua realização plena. O SaaS 2.0 não é apenas uma evolução do SaaS tradicional, mas uma redefinição completa do que significa oferecer valor no mundo digital.
Agora, ele não é apenas um conceito promissor. Ele é uma realidade que começa a transformar mercados, impulsionada por tecnologias maduras que garantem personalização, eficiência e inteligência como nunca. Essa é a verdadeira essência do Service as a Software: um modelo que conecta inovação e experiência, colocando o futuro dos serviços digitais ao alcance de todos.
Angelica de Lima, COO da Cadmus, mestranda em Ciência da Computação pela Ufscar – Universidade Federal de São Carlos e membro do MCIO Brasil, uma Associação sem fins lucrativos que visa promover a inclusão e ascensão de mulheres no mercado de tecnologia.
