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A plataforma de vídeos Rumble está de volta ao Brasil. O serviço, popular entre influenciadores da direita, foi reativado na semana passada, sem uma explicação detalhada sobre a mudança de posição da empresa.
Em dezembro de 2023, o CEO Chris Pavlovski anunciou que o site deixaria de operar no Brasil. Segundo ele, ordens judiciais determinando a suspensão de perfis de criadores feriam a liberdade de expressão. Na época, Pavlovski disse que iria recorrer das decisões.
O retorno da plataforma foi celebrado por políticos conservadores. O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) comemorou a novidade e aproveitou para divulgar o canal do programa Terça Livre, de Allan dos Santos, no Rumble.
A volta do Rumble pegou muita gente de surpresa. Pavlovski publicou um tuíte anunciando que o serviço estava “totalmente operacional” no Brasil. No post, atribuiu a decisão a uma suposta revogação da censura no país e à vitória de Donald Trump nos Estados Unidos.
“A decisão do Brasil de revogar a censura ao Rumble é prova de que o mundo está mudando. O presidente Trump está tornando o mundo grande novamente”, escreveu o empresário.
A declaração gerou dúvidas. O Brasil não anunciou oficialmente nenhuma mudança em relação à plataforma. Em 2023, o Rumble foi bloqueado por decisão da Justiça, mas a determinação era apenas para remover canais específicos, não para encerrar as operações da empresa no país.
Mesmo sem explicações concretas, o retorno da plataforma foi suficiente para reativar perfis que estavam fora do ar.
O jornalista Allan dos Santos, que teve prisão decretada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 2021, usou suas redes sociais para anunciar a volta do Terça Livre ao Rumble. Ele também incentivou seguidores a baixarem o aplicativo.
Santos está nos Estados Unidos desde que se tornou alvo do inquérito das fake news, relatado pelo ministro Alexandre de Moraes. Ele é acusado dos crimes de calúnia, injúria e difamação. Mesmo foragido, continua produzindo conteúdo e criticando o STF.
A conta do Terça Livre estava acessível no Rumble na noite deste sábado, e Allan já anunciou que os programas serão diários.
A volta do Rumble acontece logo após uma decisão de Alexandre de Moraes que liberou o acesso de alguns influenciadores a suas redes sociais. Entre eles, Bruno Aiub, conhecido como Monark.
Além de Monark, outras figuras ligadas à direita tiveram seus perfis restabelecidos, como o empresário Luciano Hang e os jornalistas Guilherme Fiuza e Bernardo Küster.
Esse movimento gerou especulações entre bolsonaristas, que acreditam que o Judiciário pode estar recuando em algumas decisões.
A volta do Rumble não passou despercebida entre políticos e influenciadores. Eduardo Bolsonaro afirmou que a decisão mostra que “a censura está com os dias contados”. O deputado Gustavo Gayer (PL-GO) também comentou a reativação da plataforma, dizendo que “algo muito grande está para acontecer no Brasil”.
No Instagram, Allan dos Santos publicou um vídeo em que diz que o Rumble “comprou a briga” com Alexandre de Moraes. Ele também sugeriu que o ministro não enfrentaria Donald Trump.
Além disso, a notícia chega pouco antes da visita de uma delegação da Comissão Interamericana de Direitos Humanos ao Brasil. A comissão pretende analisar a situação da liberdade de expressão no país e tem reuniões marcadas com bolsonaristas investigados pelo STF.
Criado em 2013, o Rumble se apresenta como uma alternativa ao YouTube, com menos regras de moderação. A plataforma ganhou espaço ao atrair influenciadores banidos de outras redes sociais.
Nos últimos anos, a empresa tem se posicionado contra grandes empresas de tecnologia. Em 2021, processou o Google por suposta manipulação de algoritmos para prejudicar seus vídeos nos resultados de busca.
Além disso, o Rumble recebeu investimentos milionários de empresários ligados a Donald Trump. O vice-presidente dos Estados Unidos, JD Vance, também já financiou a plataforma.
Ainda não se sabe se o retorno do Rumble ao Brasil será definitivo ou se novas decisões judiciais podem afetar a plataforma. A empresa não detalhou se continuará enfrentando bloqueios de perfis por determinação do STF.
Enquanto isso, a plataforma segue como um refúgio para bolsonaristas. Com o incentivo de políticos e influenciadores, o Rumble pode voltar a crescer no país, especialmente entre aqueles que se sentem censurados nas redes sociais tradicionais.
O que resta saber é se essa nova fase da plataforma será tranquila ou se novas disputas judiciais estão a caminho.