Nos últimos anos, vimos o que era pra ser um mero sucessor espiritual de Theme Hospital virar uma franquia de sucesso entre os fãs de jogos de gerenciamento. Depois de Two Point Hospital e Two Point Campus, chegou a hora de nos tornarmos curadores de um museu em Two Point Museum.
O tema da vez pode não parecer tão convencional à primeira vista, mas pode surpreender bastante com o que tem a oferecer. Caso queira saber mais sobre o game e se ele vale a pena, basta conferir a nossa análise logo a seguir!
Similar, mas diferente
Como fã de games de gerenciamento, eu sempre fiquei muito feliz que a empreitada do Two Point Studios deu certo ao ponto de resultar nesses novos títulos de temáticas tão diferentes. Como eu mencionei, desta vez, nosso papel é ser o novo curador de um museu que não está indo tão bem, como é de praxe na série. É claro que você pode escolher entre jogar a campanha ou sandbox, mas eu sempre recomendo deixar o modo livre para depois, já que o ritmo da “história principal” é o melhor para você conhecer tudo o que o game tem a oferecer.
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O ciclo de gameplay em si não é tão complicado, mas pode se tornar complexo conforme você vai expandindo o museu e precisa se preocupar com cada vez mais detalhes trabalhando em conjunto. Mesmo que não tenha jogado seus antecessores, Two Point Museum faz um ótimo papel em explicar suas principais mecânicas na primeira hora de jogo. Para quem já jogou antes, os controles e menus serão muito familiares, mesmo que existam mecânicas inéditas por conta do tema da vez.
Outro aspecto familiar é o visual e o tipo de humor que você encontrará nesse título, que é basicamente idêntico aos anteriores. Isso pode ser negativo se você esperava algo totalmente novo ou pelo menos renovado, mas eu vejo pela perspectiva do Two Point Studios querer manter uma identidade bem clara em sua franquia, tanto na modelagem dos personagens, objetos e cenários, como no tom do game no geral.
Uma outra coisa em comum com seus antecessores, mas dessa vez inquestionavelmente positiva, é que Two Point Museum está com seu texto totalmente localizado em português. Considerando o quanto é importante ter entendimento do que está acontecendo na tela em jogos de gerenciamento, é claro que não dá para deixar de mencionar esse fato.
Várias noites no museu
Focando mais no tema de museus, eu realmente senti que Two Point Museum se esforçou para se diferenciar de seus antecessores. Não há muitos momentos de gameplay que simplesmente parecem terem sido retirados e convertidos dos outros games, o que era algo que eu temia acontecer considerando que esse já é o terceiro título da franquia. Em vez disso, a sensação é de um game inédito, com mecânicas e elementos próprios, dividindo apenas sua direção de arte e humor com seus irmãos mais velhos.
Logo de cara, aprendemos que não dá simplesmente para comprar novas peças para exibir em nosso museu, afinal, isso realmente não faria sentido. Em vez disso, podemos contratar um especialista e enviá-lo em expedições para diferentes regiões do mundo para que ele mesmo possa descobrir novas peças, quase como um verdadeiro Indiana Jones. Só que essas expedições podem trazer muitas variáveis que você precisa considerar enquanto estiver gerenciando o seu museu.
Elas podem ser realizadas de forma mais veloz e perigosa, de forma equilibrada ou demorada e mais detalhada. Seja como for, sempre há possíveis riscos para os seus especialistas e, mesmo que alguns possam ser mitigados com itens especiais, você sempre estará suscetível a outros de qualquer forma. Isso é importante de se considerar porque esses especialistas podem ficar inativos enquanto se recuperam, o que pode atrasar futuras expedições ou te atrapalhar na restauração de peças que vão se deteriorando naturalmente.
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Inclusive, a primeira reclamação que eu faria é que as peças se degradam com muita rapidez quando estão em exibição. Houve muitos momentos em que os especialistas tinham acabado de restaurar certas peças, mas elas voltaram a ficar em um estado deplorável poucos segundos depois. Isso acontecia mesmo no início do game, quando eu tinha pouco material em exibição e meus funcionários estavam livres para cuidar de tudo com mais calma, então dá para imaginar como pode ser frustrante ver isso acontecendo em momentos mais caóticos depois.
Um aspecto que melhorou em relação aos outros games da série é que há mais clareza nos menus, especialmente os que mostram dados importantes sobre o seu museu e funcionários. Ainda não diria que está em um estado perfeito, afinal, eu tive momentos em que precisei pausar o tempo para achar o que queria com mais calma, mas não é nada tão confuso como antigamente.
Dinheiro não compra felicidade, mas compra decoração
É claro que não basta colocar peças interessantes em seu museu para tornar o local em um grande sucesso. Você precisa se preocupar com o “Burburinho” que as peças causam na comunidade, um status que representa o quanto os visitantes se impressionam com sua exibição e seu museu no geral. Você pode aumentar o burburinho ao incluir novas peças à sua coleção com frequência, deixá-las sempre em um bom estado de conservação, colocar estandes oferecendo informações sobre a coleção e, principalmente, adicionar decorações.
De uma forma estranha, em muitos momentos parecia que a decoração era o ponto principal para deixar os visitantes mais impressionados, mesmo que tivéssemos enormes esqueletos de dinossauros no museu, por exemplo. Felizmente, a decoração não consiste apenas de coisas aleatórias, mas sim de itens que combinam com as peças que você estará exibindo. Desta forma, dá para criar um verdadeiro cenário em volta das peças e fazer algo mais criativo, algo que passei a apreciar muito mais depois de algumas horas de jogo.
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Se fizer tudo isso certinho, poderá garantir um museu cheio, mas também não dá para esquecer do aspecto financeiro do negócio. Além de cobrar pelo ingresso dos visitantes, você pode colocar estandes de doação, onde as pessoas podem ser generosas se tiverem se impressionado com sua coleção. Fora isso, é possível construir até uma lojinha de presentes, um elemento bem clássico e que simplesmente não poderia faltar em um museu moderno como o nosso.
É claro que no caos do gerenciamento de tudo isso, você não pode esquecer de seus leais funcionários. Além de especialistas, você terá que se preocupar em contratar recepcionistas, zeladores, vendedores, seguranças, etc. Além de se preocupar com o bem-estar e nível de satisfação deles, agora também é necessário treiná-los para lidar com expedições mais perigosas e ficar de olho nas experiências que eles adquirem nessas viagens, já que elas podem ser úteis mais tarde.
Essencialmente, você terá cada vez mais elementos para gerenciar, mas não achei que isso tornou o game mais confuso ou poluído. Na verdade, já tendo jogado os antecessores da Two Point Studios, as adições pareceram naturais e me deixaram interessada no game por ainda mais tempo. O ritmo em que tudo é apresentado também é satisfatório, mas é inevitável que chegue aquele momento em que o ciclo de gameplay se torna mais repetitivo.
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Felizmente, é possível jogar a campanha inteira com uma dose de desafio antes disso acontecer, mas pelo tempo limitado para realizar esse review, não tive como confirmar se o mesmo se aplica ao sandbox. Imagino que se for como os outros, esse será um modo mais voltado para liberar sua criatividade em vez de apenas seguir os objetivos que o game te propõe.
Vale a pena?
Um jogo como Two Point Museum é uma indicação muito fácil para quem gosta de games de gerenciamento e curtiu os últimos dois títulos da série. Considerando o que o projeto tem a oferecer tanto no modo campanha como sandbox, eu diria que o preço de R$ 126,00 no PC e consoles também é bem razoável em relação a outros games do tipo. No entanto, pode valer a pena esperar uma promoção se estiver com dúvida ou com a carteira mais apertada neste mês.
Embora tenha algumas pedrinhas no caminho e tenha sido uma aposta mais segura por parte do Two Point Studios, eu achei a minha experiência com o game bem divertida, especialmente porque também gostei bastante da nova temática e elementos de gameplay que vieram com ela. Caso esse seja seu estilo de jogo e tenha vontade de virar um curador especializado, vale a pena dar uma chance para Two Point Museum!
Nota do Voxel: 84
Two Point Museum será lançado no PC, PS5 e Xbox Series S e X no dia 4 de março. Uma chave de acesso antecipado do game para PC foi cedida pela SEGA para a realização desta análise.