As edtechs, empresas de tecnologia voltadas para a área da educação, têm transformado por completo os métodos de aprendizagem, combinando inovação com práticas pedagógicas, a fim de superar barreiras financeiras, geográficas e sociais. Não à toa, empresas voltadas a esse segmento buscam promover a democratização do acesso ao conhecimento, especialmente em regiões e comunidades historicamente marginalizadas.
Para se ter uma ideia, de acordo com o estudo Report EdTech 2024, realizado pela Distrito, solução para gerar resultados através de novas tecnologias, o Brasil é o principal mercado de startups de educação na América Latina. Atualmente, o país concentra quase 70% do total de edtechs da região, além de quase 80%?do volume de investimentos. Nos últimos 10 anos, esse mercado movimentou mais de US$475 milhões em território nacional.
A expansão das edtechs se dá, principalmente, pelo fácil acesso ao conhecimento. Nesse aspecto, o ensino à distância (EAD) tem sido um grande aliado, pois ele democratiza os conteúdos de qualidade para estudantes em diferentes níveis e em qualquer parte do mundo. Além disso, existem ferramentas que funcionam no modo offline ou em baixa conectividade, possibilitando a educação a comunidades sem acesso regular à internet.
A acessibilidade financeira também é um ponto de destaque. Isso porque muitas edtechs oferecem materiais gratuitos, como cursos, exercícios e simulados, eliminando o custo de livros e materiais físicos. Há, também, modelos de assinatura, ou seja, programas de ensino de baixo custo, tornando a educação de alta qualidade acessível a mais pessoas. No universo corporativo, por exemplo, a oferta de pacotes de ensino como benefício, como o aprendizado de idioma, tem se popularizado, de modo que mais organizações aderem a essa iniciativa.
Por se tratar de um modelo de negócio que utiliza recursos tecnológicos como grande pilar, a implementação de tecnologias como inteligência artificial permite que o processo de aprendizagem seja personalizado. Nesse sentido, o uso de IA pelas edtechs envolve questões como a aplicação de sistemas computacionais, que podem executar tarefas que normalmente requerem inteligência humana, além de aprendizagem, resolução de problemas e tomada de decisão.
Quando falamos de educação básica, a inteligência artificial tem o potencial de transformar a sala de aula ao oferecer aprendizado personalizado, adaptando o ritmo e o conteúdo de acordo com as necessidades de cada aluno, especialmente no ensino de idiomas. No entanto, o professor continua sendo a peça-chave, e a tecnologia deve atuar como uma aliada, não como uma substituta. Para isso, é essencial capacitar continuamente os docentes, garantindo que saibam integrar as ferramentas digitais em suas práticas pedagógicas e utilizem os dados gerados pela IA para identificar lacunas no aprendizado. Assim, conseguem ajustar suas abordagens e promover atividades interativas e dinâmicas, enriquecendo o processo de ensino. Com plataformas inteligentes, os professores podem acompanhar de forma precisa o progresso individual dos alunos e focar em áreas críticas, como pronúncia ou compreensão de texto.
É possível, sobretudo, adaptar o conteúdo ao ritmo e estilo de aprendizado de cada aluno, aumentando a eficiência do ensino, e tornar o aprendizado mais interativo e didático, atraindo estudantes de diferentes idades e contextos. De acordo com o Market.us, plataforma para todas as necessidades de pesquisa de mercado, o tamanho do mercado global de IA nas edtechs deve chegar a?US$ 92,09 bilhões até 2033, partindo de US$ 3,65 bilhões em 2023, com uma taxa de crescimento anual?de 38,1%.
Por fim, mesmo diante de tantos benefícios com a expansão das edtechs, ainda existem alguns pontos de atenção, como o cuidado com a formação de professores dentro dessas plataformas de ensino. Isso porque, para que essas instituições alcancem seu potencial máximo, é essencial um treinamento contínuo para que os educadores estejam sempre aptos.
A desigualdade no acesso à tecnologia também é outro ponto crítico, especialmente em países de terceiro mundo como o Brasil, visto que muitas comunidades ainda enfrentam falta de conectividade e equipamentos adequados. Para tanto, é fundamental que governos, empresas e a sociedade civil como um todo colaborem para ampliar e democratizar uma educação de qualidade
Diogo Aguilar, Fundador e Diretor Executivo da Fluencypass.