Pesquisadores do Instituto de Tecnologia do Massachusetts (MIT) desenvolveram um novo robô com o tamanho de um inseto, capaz de se movimentar de forma precisa e duradoura, como um animal de verdade. A ideia é que esse experimento, embora ainda esteja longe de sair do laboratório, possa até ajudar a natureza.
Os robôs em miniatura foram criados baseados em projetos anteriores que ainda tinham limitações técnicas, com uma ajuda adicional da observação de abelhas, borboletas, mariposas e outras espécies. Dessa forma, os cientistas conseguem replicar movimentos e comportamentos realistas.
O projeto é parte do Soft and Micro Robotics Laboratory, que fica dentro do Laboratório de Pesquisa em Eletrônicos do MIT. O professor Kevin Chen é o líder do estudo, ao lado de quatro coautores que participaram da pesquisa e publicaram um artigo na revista Science Robotics.
Os novos insetos artificiais são capazes de voar por até 1.000 segundos sem parar, ou cerca de 16 minutos. Esse período é cerca de 100 vezes maior do que o limite atingido por modelos anteriores, o que significa um avanço notável na autonomia de energia. Além disso, eles alcançam a velocidade de 35 cm/s, o que também é um recorde interno.
O visual desenvolvido pelos engenheiros faz com que esses robôs pesam “menos que um clipe de papel“, ao mesmo tempo em que trazem um mecanismo eficiente de voo. A geração anterior tinha o dobro de asas e menos articulações, o que gerava uma movimentação mais rígida e lenta.
Nos novos modelos, a estrutura das quatro asas restantes é mais robusta e permite manobras mais precisas ou ousadas, além do transporte de peças como sensores. A haste das asas — uma estrutura minúscula com 2 cm de comprimento e 0,02 cm de diâmetro — também foi melhorada para reduzir o estresse do movimento de voo.
O futuro da polinização?
Por enquanto, robôs com a forma e as dimensões de insetos não são realidade no campo prático, mas a expectativa é alta para que eles no futuro atuem em diversos setores. A agricultura é um campo comercial possível para essa aplicação, com um “enxame” desses equipamentos podendo ser usados em colheitas até para tarefas como a polinização.
Na natureza, esse tipo de robô poderia fazer o papel de insetos que levam o pólen entre plantas e auxiliam na reprodução de organismos vegetais. Essa tarefa essencial para a manutenção de ecossistemas tem sido considerada ameaçada por questões como as mudanças climáticas, que podem levar até à extinção de determinadas espécies.
Os robôs em forma de inseto já são capazes de realizar voos relativamente controlados — ele até consegue planar em um trajeto que escreve no ar a palavra “MIT”, homenageando o instituto.
Porém, o trabalho ainda é longo e a equipe liderada pelo professor Chen precisa melhorar ainda mais o tempo de voo e a precisão de movimentos, o suficiente para que ele seja capaz de pousar delicadamente em uma flor.