O uso da computação quântica está acelerando uma revolução significativa na capacidade computacional para resolver problemas complexos. Segundo a consultoria BCG, a computação quântica deve gerar entre US$ 450 e US$ 850 bilhões em valor econômico, sustentando um mercado que deverá variar entre US$ 90 e US$ 170 bilhões para provedores de hardware e software até 2040.
A indústria de computação quântica avança à medida em que mais organizações descobrem seu potencial. Seu uso promete alavancar o patamar de automação em manufatura e telecomunicações, aplicações de inteligência artificial, navegação de veículos autônomos, modelagem financeira e a descoberta de novos medicamentos e procedimentos de saúde, entre outros.
No entanto, essa nova tecnologia traz desafios significativos, especialmente para questões de cibersegurança. Mesmo com a alta capacidade de resolver problemas que antes eram considerados insolúveis por computadores tradicionais, a computação quântica pode trazer ameaças aos sistemas de segurança já estabelecidos, sendo a quebra de criptografia um dos principais riscos que essa tecnologia representa.
Os algoritmos quânticos podem “quebrar” criptografias assimétricas, amplamente usadas em sistemas críticos, como os bancários. Isso significa que dados cifrados hoje podem ser decifrados sem dificuldades no futuro, quando hackers tiverem acesso a computadores quânticos.
Além do setor financeiro, infraestruturas de áreas estratégicas como energia, água e defesa também podem ser impactados por ataques cibernéticos, especialmente quando consideramos o acesso indevido a dados e transações que poderiam impactar diretamente as políticas de segurança da informação, incluindo a conformidade com regulamentos como a LGPD.
A vulnerabilidade dos algoritmos criptografados de maneira tradicional, como chaves simétricas e assimétricas, coloca em risco a segurança de dados, exigindo novas formas de criptografia para enfrentar essas ameaças. A criptografia pós-quântica surge para oferecer resistência a tentativas de intrusão e, mais do que isso, novos algoritmos inteligentes que poderão aumentar a eficiência da detecção e recuperação de ataques.
Os algoritmos quânticos podem transformar o desempenho de sistemas de Inteligência Artificial, tornando o treinamento de redes neurais complexas mais eficiente. Este cenário aponta para avanços na previsão de ameaças, respostas automatizadas e abre um leque de grandes possibilidades no campo da segurança cibernética.
Com a evolução dessas tecnologias, torna-se cada vez mais necessário que os profissionais da área estejam preparados para enfrentar um cenário em rápida transformação. As organizações precisam investir em iniciativas de inovação, segurança, conscientização e formação especializada, preparando-se desde já para os impactos da computação quântica.
Isso reforça o papel de instituições que ofereçam cursos que preparam profissionais para lidar com os desafios emergentes neste cenário. E aqui não basta uma melhor formação de profissionais de áreas técnicas. Os executivos do futuro precisam pensar seus negócios em termos de tecnologia, das oportunidades aos riscos. Quanto maior o número de profissionais preparados para os desafios da inovação, mais controláveis serão as ameaças para o futuro da segurança da informação.
Victor Hayashi e Reginaldo Arakaki, professores do curso de pós-graduação em Cyber Security do Inteli (Instituto de Tecnologia e Liderança).
