Chegamos na reta final de 2024, o período em que os líderes param para analisar o que funcionou, o que deu errado em seus times e planejam as metas para 2025. Mas um detalhe crucial que não deve ser ignorado é a clareza mental para liderar sob pressão.

Planejar não é simplesmente preencher uma planilha com números. Se sua mente está sobrecarregada, você não está planejando, está apenas apagando incêndios. Isso sabota qualquer visão estratégica.

Gosto da analogia da máscara de oxigênio no avião: primeiro você coloca a máscara em si, depois ajuda os outros. Se você, líder, não cuidar de si mesmo, não vai dar conta de oferecer suporte ao time e focar nas metas.

E isso é comprovado cientificamente. Uma pesquisa publicada no MIT indica que o estresse crônico afeta diretamente as tomadas de decisões estratégicas, empurrando os líderes para escolhas impulsivas. Outro estudo exposto na Conferência de Neurociência de Portugal mostrou que o estresse constante faz você ignorar os riscos e buscar recompensas imediatas.

Como Warren Buffett coloca: “Você só descobre quem está nadando pelado quando a maré baixa.” A vulnerabilidade de quem não se preparou mentalmente fica clara quando o cenário está crítico.

A realidade é dura: cuidar da saúde mental não é uma opção. É um pré-requisito. Não se trata de pausas para relaxamento, mas de uma estratégia sólida que garanta que você possa tomar decisões consistentes e evitar erros. Líderes que ignoram isso acabam entregando menos — não por falta de capacidade, mas por falta de clareza.

Vamos ser diretos: aumentar a carga horária de trabalho não resolve. Um estudo desenvolvido na Inglaterra mostrou que não há relação direta entre mais horas de trabalho e a produtividade. O que garante resultados é a capacidade de se manter lúcido, tomar decisões difíceis sem hesitação e sustentar a performance do time.

O autocuidado, nesse contexto, é uma questão de ajuste estratégico. Revisar sua agenda, delegar mais, criar tempo para refletir e priorizar as decisões mais relevantes. Ao desenhar suas metas para 2025, tenha em mente que sua resiliência mental será constantemente testada. E se você não preparar sua cabeça para isso, é bem provável que os números projetados não se concretizem.

Isso não é alarmismo. É uma realidade que você precisa encarar. Negligenciar o impacto da saúde mental nas decisões estratégicas pode ser o principal obstáculo para o seu crescimento em 2025. O planejamento não se resume ao que deve ser feito, mas também ao entendimento de quem e como será capaz de fazer.

Sylvestre Mergulhão, CEO da Impulso.