A volta ao ambiente de trabalho presencial está reformulando a dinâmica nos Centros de Serviços Compartilhados (CSCs), destacando a importância da colaboração direta e da eficiência operacional. Após um período de predominância do home office, a transição de volta aos escritórios ganha relevância, impulsionada por diversos fatores, como a necessidade de interação direta, fortalecimento da cultura organizacional e segurança da informação.
Segundo Marcelo Pardi, diretor-presidente da Associação Brasileira de Serviços Compartilhados (ABSC) e Diretor do Centro de Serviços Compartilhados da Cogna, “o retorno ao escritório é uma tendência que estamos observando no setor de CSCs, principalmente devido à necessidade de colaboração presencial e à importância da cultura organizacional”.
Durante a pandemia, as empresas investiram significativamente em tecnologia para suportar o trabalho remoto. No entanto, desafios de colaboração e questões de bem-estar dos funcionários se tornaram evidentes. Fernando Pedro, diretor-geral da Assigna, empresa do Talenses Group parceira da ABSC, destaca que “embora o trabalho remoto tenha mantido a eficiência operacional em muitos casos, a interação presencial proporciona uma dinâmica única que é difícil de replicar virtualmente”.
A colaboração presencial facilita a comunicação direta, a troca de conhecimentos informais e a resolução ágil de problemas, aspectos cruciais para a eficiência operacional. Pardi acrescenta que “a supervisão direta e a oportunidade de desenvolvimento profissional são fatores que impulsionam o retorno ao escritório, reforçando a cultura organizacional e o engajamento dos funcionários”.
A tendência de retorno ao trabalho presencial é global. Uma pesquisa da CBRE realizada em 17 países com 9,5 mil trabalhadores e 6,6 mil executivos C-Level revelou que 84% dos entrevistados acreditam que a chance de crescimento profissional diminui para quem permanece no modelo remoto, 69% preferem que as discussões de trabalho aconteçam de maneira presencial, e 62% gostam de reuniões individuais no escritório. Entre os colaboradores mais jovens, com idades de 18 a 34 anos, 79% preferem frequentar o escritório pelo menos quatro vezes por semana. Entre as pessoas com 35 a 44 anos, o percentual recua para 67%. Entre as que têm mais de 45 anos, a aceitação da frequência cai para 51%.
O impacto positivo do retorno ao escritório é evidente: a interação face a face fortalece os relacionamentos, facilita a inovação e melhora a execução das tarefas. Contudo, desafios como aumento dos custos operacionais, dificuldades de readaptação e impactos no equilíbrio entre trabalho e vida pessoal também surgem. Pedro observa que “as empresas estão adotando modelos híbridos para atender às necessidades operacionais e de bem-estar dos funcionários”.
Mesmo com o retorno ao escritório, as tecnologias de colaboração utilizadas durante o home office continuam relevantes, com ferramentas de videoconferência e aplicativos de mensagens instantâneas permanecendo essenciais para suportar a comunicação entre equipes presenciais e remotas.
A reação dos colaboradores à transição de volta ao escritório tem sido variada. Alguns demonstram entusiasmo em reconectar-se com colegas, enquanto outros enfrentam preocupações e desafios de readaptação. Pardi sugere que “a opinião dos colaboradores varia, e é importante que as empresas ofereçam suporte durante essa transição, proporcionando um ambiente de trabalho seguro e flexível”.
Diversas estratégias estão sendo implementadas pelas empresas para facilitar a transição, como comunicação clara sobre os planos de retorno, flexibilidade de horários, modelos híbridos de trabalho, treinamentos sobre segurança e apoio ao bem-estar dos colaboradores. Pedro conclui que “essas estratégias são fundamentais para garantir uma transição suave e confortável de volta ao ambiente de escritório”.