Entre janeiro e setembro de 2024, as agtechs apresentaram uma queda de 16% no montante captado em comparação ao mesmo período de 2023, acumulando R$ 955 milhões contra R$ 1,142 bilhão. Os dados são da Liga Ventures, segundo a qual, se o último trimestre mantiver a média dos anteriores, 2024 será um ano de leve crescimento em investimentos em agtechs.
O número de deals registrados foi o mesmo: 40 em cada período. O estudo aponta também que quase metade dessas negociações (45%) foram resultado de rodadas Série A ou superiores, totalizando 88% do investimento captado até o final de setembro. Foram ao todo R$556 milhões em 12 rodadas Série A, R$ 216 milhões em cinco rodadas Série B, e R$ 68 milhões em uma rodada Série C.
Outro dado interessante se refere ao valor captado em cada fase das startups: houve um aumento de 8% no investimento em startups early stage comparando os três primeiros trimestres de 2024 com o mesmo período em 2023. No mid stage, foi registrada uma queda de 25%, enquanto nas rodadas de estágio mais avançado (Série B em diante) esse número ficou praticamente igual, com uma leve diminuição de 2%.
O estudo lista também as categorias que mais captaram em 2024. Das cinco que mais levantaram fundos, uma foi impulsionada por rodadas acima de R$100 milhões: a de nutrição de plantas, que captou ao todo R$328 milhões. Em seguida, temos as de serviços financeiros (R$225 milhões), proteínas e bebidas alternativas (R$53 milhões), comercialização de produtos agropecuários (R$50 milhões) e biotecnologia (R$49 milhões). O estudo ainda aponta que 73% do montante captado por agtechs na América Latina foi direcionado para o Brasil, acumulando R$699 milhões.
“O segmento de agtechs mudou de patamar. Diferente de outros mercados que tiveram um grande pico de investimentos em startups no ano de 2021 e uma queda muito grande em 2022, o mercado de soluções para o agro nos últimos anos vem mantendo uma média 4 vezes maior do que acontecia nos anos de 2019 e 2020. E o Brasil é responsável por 73% desses investimentos. O agro é uma vocação do país e agora isso está mais refletido nos investimentos em startups. O que esperamos ver agora, com o amadurecimento do ecossistema, é um crescimento nas aquisições e na liquidez para startups do segmento”, analisa Daniel Grossi, cofundador da Liga Ventures.
O relatório analisa também o número de M&As em comparação com os anos anteriores. Em 2023, o mercado alcançou o seu ápice de aquisições no segmento de agronegócio nos últimos anos, com quatro negócios registrados, contra apenas dois em 2024 até o começo de outubro. VANT (Veículo Aéreo Não Tripulado) e geoprocessamento, serviços financeiros e proteínas e bebidas alternativas foram os principais alvos de fusões e aquisições entre 2018 e 2024 até o momento.
Para realizar o estudo foram utilizados dados da ferramenta Startup Scanner, plataforma criada pela Liga Ventures que identifica e acompanha dados de startups do Brasil e América Latina para que grandes empresas, pesquisadores e empreendedores possam entender as movimentações do mercado e encontrar oportunidades de negócios sinérgicos à sua atuação.