Nos últimos anos, a transformação digital tem sido um dos principais focos das empresas em todo o mundo. Contudo, muitas organizações ainda confundem essa transformação com a simples modernização tecnológica. Juan Palma, Chief Technology Officer (CTO) para a América Latina da BMC Software, aborda em entrevista exclusiva à TI Inside a verdadeira essência dessa mudança, que vai muito além de novas ferramentas digitais e envolve uma transformação no modelo operacional das empresas.
Juan Palma explica que a transformação digital não é apenas sobre modernizar tecnologias, mas, sim, sobre como as empresas utilizam tecnologias disruptivas para transformar seus modelos operacionais. “Não é sobre tecnologia, mas sobre como as empresas funcionam através dela, utilizando novas formas de transacionar e responder a comportamentos e demandas dos clientes. A pandemia acelerou a mudança para um novo modelo de consumo, especialmente com as gerações mais jovens, que preferem realizar suas compras de forma digital”, comenta Palma.
Essa nova era de consumo exige que as empresas repensem como disponibilizam seus serviços, seja por meio de aplicações, páginas web ou grandes plataformas de e-commerce, como a Amazon. Palma reforça que é fundamental que as organizações estejam preparadas para lidar com essas mudanças em sua infraestrutura e operações de forma antecipada.
Framework da empresa digitalmente autônoma
Para auxiliar as empresas nesse processo, a BMC propõe um framework chamado “Empresa Digitalmente Autônoma”, que foca em cinco princípios tecnológicos fundamentais:
Experiência do cliente sem fricções: As empresas precisam eliminar barreiras tecnológicas e proteger dados, além de antecipar como os clientes desejam interagir. “A ideia é fornecer uma experiência sem fricção, que permita a automatização de tarefas repetitivas e o foco em atividades mais valiosas”, explica o CTO.
Automatização em todas as áreas: A automatização de tarefas operacionais é chave para liberar os colaboradores para funções que gerem mais valor competitivo para as empresas. Palma destaca que a inteligência artificial é uma grande aliada nesse processo, mas “ainda precisa ser supervisionada por profissionais com experiência no negócio”.
Desenvolvimento ágil e inteligência generativa: Palma enfatiza a importância de adotar metodologias ágeis para oferecer respostas rápidas às demandas do mercado e integrar inteligência generativa para auxiliar tanto no desenvolvimento quanto nas operações.
Dados como ativo estratégico: As empresas precisam ser capazes de coletar, limpar e testar grandes volumes de dados, transformando-os em insights úteis para o negócio. “O grande desafio é conseguir monetizar esses dados e transformá-los em informações valiosas”, aponta.
Cibersegurança adaptativa: O último princípio é a proteção contra-ataques e intrusões. “A inteligência artificial pode detectar comportamentos suspeitos e agir preventivamente, garantindo que as empresas estejam sempre um passo à frente das ameaças.”
Desafios do futuro: da previsibilidade ao uso de mainframes
Segundo Palma, o foco deve ser cada vez mais em como prever e prevenir problemas, especialmente durante eventos críticos, como a Black Friday, que ocorre em novembro no Brasil. “As empresas precisam se preparar para garantir que a infraestrutura suporte o aumento de demanda, seja nas plataformas de pagamento ou no processamento de pedidos. O importante é prever problemas antes que eles aconteçam”, afirma.
Além disso, Palma destaca a importância do mainframe no ambiente corporativo, especialmente no Brasil, onde a base instalada dessa tecnologia é enorme. “O mainframe continua sendo a tecnologia mais segura e resiliente para processar grandes volumes de transações, e muitas empresas ainda o veem como peça central de suas operações nos próximos 10 anos”, diz ele.
Apesar de ser uma tecnologia que remonta aos anos 70, o mainframe tem passado por uma modernização, especialmente com a integração de inteligência artificial para otimizar sua operação e prever possíveis falhas. “A nova geração de desenvolvedores já pode interagir com o mainframe de forma mais simples, utilizando interfaces gráficas modernas e, em breve, a inteligência artificial generativa ajudará a entender códigos antigos e propor melhorias”, explica Palma.
O caminho para a transformação digital
Para Juan Palma, o primeiro passo para a transformação digital é entender o estágio atual de maturidade da empresa. “As organizações precisam saber onde estão. Não é necessário fazer uma revolução tecnológica de uma vez. Comece pequeno, observando o comportamento da sua infraestrutura e o desempenho de suas operações. O importante é ser proativo e, eventualmente, prescritivo, utilizando algoritmos para não só identificar problemas, mas também para sugerir soluções”, conclui.
A entrevista com o CTO da BMC mostra que o futuro das empresas está na automação inteligente e no uso estratégico de dados. E, enquanto algumas organizações ainda lutam para se adaptar a essa nova realidade, a BMC oferece as ferramentas e frameworks necessários para liderar essa transformação, desde o mainframe até a cibersegurança adaptativa.