Lançada inicialmente no PlayStation 2, a franquia Kingdom Hearts atravessou décadas com diversos jogos e relançamentos. Enquanto a “trilha principal” da série ganhou apenas três jogos, com o quarto a caminho, a série conta com vários spin-offs com importância para o universo principal do jogo.
Recentemente, a Square Enix lançou a coletânea Kingdom Hearts Integrum Masterpiece na Steam, após um período de exclusividade dos games da série na Epic Store. Aproveitando uma key enviada pela empresa para o Voxel, eu revisitei a franquia completa durante o último mês e trago aqui, nesta review, uma resposta que pode estar na cabeça de muitos jogadores.
Afinal, vale a pena jogar Kingdom Hearts em 2024? A franquia envelheceu mal ou merece uma chance de novos e antigos jogadores? Confira tudo a seguir.
Antes de mais nada, o que é Kingdom Hearts?
Kingdom Hearts é uma das séries de jogos de maior sucesso da história do PS2. Com diversos títulos icônicos, a franquia deve receber um novo título em 2025 ou 2026, o que certamente serviu de motivação para a Square Enix trazer todos os seus jogos para a principal plataforma do PC.
A franquia é protagonizada pelo queridíssimo Sora, que é dublado pelo ator Haley Joel Osment, de Sexto Sentido, e tem como diferencial o grande crossover com a Disney e Final Fantasy. Com isso, no mesmo jogo que você encontra vilões como Sephiroth, também divide tela com o Donald e o Pateta.
A série acabou ficando conhecida por ter uma história complexa bastante fragmentada, mas, no fim das contas, é possível sintetizar tudo de uma maneira bem simples. Os jogos acompanham os mestres de Keyblade, uma espada em forma de chave, que precisam proteger o mundo da escuridão.
Durante todos os games da série, acompanhamos diferentes núcleos de personagens que estão interligados, com o grande foco ficando, principalmente, em Sora. Kingdom Hearts 3, o último título principal da franquia, chegou praticamente interligando todos os games anteriores da franquia, além de abrir caminho para uma nova história no já anunciado Kingdom Hearts 4.
Kingdom Hearts Integrum Masterpiece “organiza a casa” da franquia
Nesse contexto de muitos jogos e história picotada, o lançamento na Steam chega como a forma definitiva de organizar a franquia. O pacotão traz todos os jogos principais da saga, com exceção do musical “Melody of Memories”, com otimizações voltadas para o PC.
O pacote completo conta com duas coletâneas e a versão completa de Kingdom Hearts 3. Ou seja, os títulos abaixo são todo o conteúdo incluso:
Kingdom Hearts HD 1.5 + 2.5 ReMIX
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Kingdom Hearts Final Mix
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Kingdom Hearts RE: Chain of Memories
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Kingdom Hearts 358/2 Days (filme)
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Kingdom Hearts II Final Mix
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Kingdom Hearts Birth by Sleep Final Mix
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Kingdom Hearts RE: Coded (filme)
Kingdom Hearts HD 2.8 Final Chapter Prologue
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Kingdom Hearts Dream Drop Distance HD
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Kingdom Hearts 0.2 Birth by Sleep: A Fragmentary Passage
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Kingom Hearts X Back Cover (filme)
Kingdom Hearts III + Re Mind DLC
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Jogo base
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DLC Re Mind
Enquanto o pacote completo custa mais de R$ 400 normalmente, mas já apareceu em promoção por valores menores, é interessante notar que você pode comprar cada coletânea separadamente. Como a própria ordem acima indica, o ideal é começar por Kingdom Hearts HD 1.5 + 2.5 ReMIX, seguindo para Kingdom Hearts HD 2.8 Final Chapter Prologue e, por fim, indo até Kingdom Hearts III + Re Mind DLC.
Para quem se preocupa com a ordem dos jogos, seguir a ordem de lançamento é altamente recomendável para conhecer a história à moda antiga. No entanto, também é possível aproveitar tudo de maneira cronológica. A própria Square Enix fez um vídeo explicando o assunto:
A história e o gameplay continuam magníficos
Eu faço parte do grupo de jogadores sortudos que teve a chance de jogar parte da franquia Kingdom Hearts em seu berço, no PS2. Mesmo sem entender muito inglês na época, a saga me encantou com a mistura de personagens da Square e da Disney, o gameplay cheio de ação e os diversos efeitos e transformações que acontecem durante toda a história.
Ao revisitar a franquia neste relançamento no PC, fiquei feliz em ver que os games que fazem parte da coletânea envelheceram muito bem. Enquanto Kingdom Hearts 2 acabou sentindo a evolução da indústria em alguns aspectos, como a fluidez do combate, principalmente, os títulos seguintes da franquia passam muito bem no teste do tempo.
Kingdom Hearts 2, principalmente, continua sendo uma obra-prima até hoje. Tanto o gameplay quanto os gráficos do título envelheceram muito bem, fazendo do game o melhor para ser jogado tanto em PCs de ponta quanto no Steam Deck.
Ouso dizer que o título também é o melhor para quem está iniciando na franquia. Além de ter uma jogabilidade que continua boa até hoje, o título conta com uma introdução interessante para a franquia como um todo, trazendo flashbacks dos jogos anteriores e apresentando novos personagens importantes da franquia.
Como é jogar Kingdom Hearts no PC em 2024?
Com o lançamento da coletânea na Steam, eu testei os jogos de Kingdom Hearts em dois cenários bem diferentes: em um PC de ponta e também no Steam Deck, o console portátil da Valve. Enquanto a Square Enix ainda poderia fazer mais refinamentos na experiência, como adicionar legendas em português brasileiro, os jogos funcionam de maneira satisfatória nos dois cenários.
Experiência no PC
Os testes no computador foram realizados com uma máquina que traz hardwares recentes, conseguindo rodar o jogo em alta qualidade e superando os requisitos mínimos e recomendados listados na Steam. Abaixo, confira mais detalhes sorbe a máquina utilizada para a review:
- Monitor: Mancer Valak VX3H – Veja review
- Placa-mãe: MSI Pro Z790-P Wi-Fi
- Placa de vídeo: RTX 4070 Founders Edition
- Processador: Intel Core i9-13900
- Memória RAM: 64 GB com Kingston Fury DDR5 de 32 GB (2×16) e Lexar Ares DDR5 de 32 GB (2×16)
- SSD com sistema operacional: Corsair Force MP500 de 500 GB
- SSD Com games: Lexar NM790 de 4 TB
- Sistema: Windows 11
Como esperado, as coletâneas Kingdom Hearts HD 1.5 + 2.5 ReMIX e Kingdom Hearts HD 2.8 Final Chapter Prologue rodam com gráficos excelentes e sem nenhum problema. A Square Enix também adicionou opções como framerate ilimitado aos games.
O mesmo também pode ser dito de Kingdom Hearts 3, que rodou muito bem no nosso sistema de ponta. O game pode ser aproveitado em resolução Quad HD com gráficos no máximo e acima dos 120 quadros por segundo. Com isso, fica claro que a versão de PC é a melhor para jogar a coletânea completa.
Além da questão de performance, a edição de computador também se destaca por trazer suporte para mods — você pode até jogar como Goku sendo o protagonista. Sem contar que a versão de PC é a única que possui legendas em português brasileiro, que foram criadas pela comunidade e podem ser instaladas no game.
Como o jogo roda no Steam Deck?
Para testar o outro lado da moeda, eu também rodei o jogo no Steam Deck, o console portátil da Valve. O modelo que tenho por aqui é o LCD, com 64 GB de armazenamento e um hardware que pode ser comparado a notebooks gamers mais antigos. Veja as especificações do produto:
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Tela: Display de 7 polegadas LCD
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Resolução: 1280×800 pixels
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Taxa de atualização: 60 Hz
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Processador: APU da AMD de 7 nm com arquitetura Zen 2, 4 núcleos e 8 threads, frequência de 2,4 a 3,5 GHz
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GPU: placa integrada com 8 unidades de computação de arquitetura RDNA 2, frequência de 1,6 GHz
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Memória: 16 GB de RAM LPDDR5 integrada (quatro canais de 32 bits, 5.500 MT/s)
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Consumo energético da APU: 4 a 15 W (usamos o produto em 15W nos testes)
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Armazenamento: 64 GB com cartão de memória de 1 TB.
Como esperado, a experiência de jogar no Steam Deck vem com alguns cortes visuais, uma vez que o dispositivo é voltado para gameplay portátil. No entanto, para a proposta do console da Valve, a experiência é bastante satisfatória.
Assim como no lançamento original no PC, a Square Enix não fez muito esforço para adaptar Kingdom Hearts para o Steam Deck, mas o port funciona muito bem. Todos os títulos da coletânea são verificados para a plataforma, rodando de maneira decente, e trazem adaptações para funcionar como esperado no portátil.
Graças ao tom leve e o gameplay bem divertido, Kingdom Hearts é uma ótima pedida para quem possui o Steam Deck e busca um RPG de ação para jogar durante viagens ou em qualquer lugar. O grande problema pode ser as letras miúdas que aparecem em alguns menus, mas isso não atrapalha a experiência no geral.
Vale a pena comprar?
O lançamento de Kingdom Hearts na Steam mostra que, definitivamente, o PC é a melhor plataforma para jogar toda a franquia da Square Enix. Além disso, o Steam Deck oferece uma ótima forma de aproveitar as aventuras de Sora e seus amigos em qualquer lugar.
A Square Enix não colocou muito esforço para evoluir a experiência de suas coletâneas com a chegada na Steam, deixando de lado fatores como as legendas em português brasileiro. Ainda assim, os jogadores podem driblar problemas como esse no computador graças aos mods e o suporte da comunidade.
Além disso, não espere nenhum novo conteúdo, como a adição do jogo Melody of Memories. Tudo que a Integrum Masterpiece traz é exatamente o que já temos em outras coletâneas, mas com tudo organizado em apenas uma compra na Steam.
Para quem já conhece a franquia e quer revisitar os títulos, vale a pena dar uma chance para a versão de PC, principalmente para jogar em portáteis como o Steam Deck ou usar mods para customizar a experiência no computador. Já para quem é novo nessa montanha-russa de emoções e personagens, a dica é ficar de olho em uma promoção pela franquia completa ou comprar cada coletânea cadenciadamente, garantindo certa economia ao aproveitar essa baita série de jogos.
Nota do Voxel: 80
Pontos positivos (prós):
- Coletânea traz franquia organizada;
- O jogo funciona bem tanto em PCs de ponta quanto no Steam Deck;
- Gameplay e história envelheceram bem.
Pontos negativos (contras):
- Falta de legendas em português brasileiro
- Sem grandes novidades em relação a outros relançamentos
Uma cópia de Kingdom Hearts Integrum Masterpiece foi cedida pela Square Enix para a realização desta review.