Os dados são do estudo Trabalho Reimaginado, elaborado pela EY, que considerou uma amostra formada por 300 respondentes. Já no mundo, 16% consideram significativamente maior e 39% um pouco maior, o que dá 55% no total. Essa percepção sobre o aumento da produtividade no Brasil e no mundo ocorreu em regime de trabalho predominantemente remoto ou híbrido, o que pode indicar que aspectos como maior equilíbrio entre vida pessoal e profissional têm contribuído para esse cenário positivo nas organizações.
Esse equilíbrio é apontado pelos respondentes brasileiros (42% deles) como o maior desafio enfrentado para ser produtivo no ambiente de trabalho. Na sequência, o trajeto até o trabalho, com 27% das respostas. Em terceiro lugar, aparece a distração, com 25%. Todos esses desafios citados são solucionados em grande medida pelo modelo remoto ou híbrido. Nas grandes cidades do país, como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, o trânsito faz com que os colaboradores percam muitas horas por semana no deslocamento, afetando a qualidade de vida e, por consequência, o equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
“Já a distração está relacionada com a produtividade na medida em que deixa o colaborador sem foco ou com dificuldade para se concentrar em uma demanda, já que constantemente é interrompido por um e-mail, uma mensagem ou uma reunião. O presencial envolve ainda mais distração porque facilita a interação, que pode, muitas vezes, não ser produtiva”, diz Oliver Kamakura, sócio de consultoria em gestão de pessoas da EY para o Brasil. “O mercado relaciona produtividade com número de entregas naquela famosa máxima de fazer mais com menos. Essa é uma forma de olhar a produtividade de forma incompleta. É importante considerar como o profissional chegou a determinado resultado. Isso porque a produtividade é consequência das iniciativas criadas para melhorar a capacidade de foco e de produção”, completa.
Nesse raciocínio, caso determinado objetivo não tenha sido alcançado, é preciso buscar os motivos para isso, o que somente é possível ao analisar o dia a dia dos funcionários. Por essa avaliação, passa a questão da distração, avaliando se a organização não está interrompendo demais o cotidiano do profissional, com reuniões desnecessárias que poderiam ser resolvidas em uma troca de e-mails, além de verificar se as tarefas que exigem concentração estão sendo feitas em ambiente silencioso, como geralmente é o de casa, motivo pelo qual o remoto é preferível.
Presencial é para relacionamento
Os próprios funcionários sabem quais as tarefas mais relevantes no presencial, ainda segundo o estudo Trabalho Reimaginado. Quando perguntados sobre aquilo que define o desejo de estar no escritório, 37% dos respondentes brasileiros dizem estar socialmente conectados. No mundo, essa porcentagem é de 34%. O segundo aspecto mais mencionado é “tecnologia disponível no local de trabalho”, com 33% dos brasileiros e 18% no mundo. O terceiro e quarto lugares têm relação com o primeiro, já que 32% dos entrevistados brasileiros afirmam que seu desejo de estar no escritório se deve a construir ou manter relacionamentos, enquanto outros 26% para colaborar com colegas. No mundo, essas porcentagens são de 27% em ambos os casos.
Por fim, a pesquisa perguntou se os colaboradores consideram que suas empresas avaliam que eles estejam mais produtivos agora do que antes da pandemia. Na amostra brasileira, mais de sete a cada dez (73%) pensam que sim (32% concordam fortemente e 41% concordam). Já na mundial, 59% têm essa mesma percepção (19% concordam fortemente e 40% concordam).
Engajamento
Como não há produtividade sem engajamento, a empresa precisa mensurar o grau de satisfação dos seus colaboradores. Simplificar o dia a dia, por meio da priorização de atividades, está entre as medidas para isso.
“Muitas empresas perguntam sobre como engajar seus colaboradores. É preciso em primeiro lugar ter clareza sobre o que ela tem que fazer nos negócios, definindo os objetivos de cada área. Depois disso, clareza sobre o que esperam dos funcionários. E, por fim, clareza sobre como promover o mínimo entrosamento entre os funcionários para que haja colaboração entre eles”, diz Oliver. “Ao mesmo tempo, a empresa precisa comunicar esses direcionamentos, alinhando as iniciativas a critérios claros e objetivos que se aplicam a toda a organização”, finaliza.
Estudo abrangente
Na quarta edição do Trabalho Reimaginado, o estudo entrevistou mais de 17 mil funcionários e 1.575 empregadores em 22 países e 25 setores industriais. Foram mapeados diversos temas relacionados a esse universo, que tem se transformado nos últimos anos com a ascensão de novos modelos de trabalho e da tecnologia. Na amostra brasileira formada por 400 respondentes (empregados e empregadores), 60% das empresas têm entre mil e dez mil funcionários; 76% dos entrevistados fazem parte das gerações Y e Z; e 71% das empresas mantêm operações em até quatro países.