Se tudo o que conhecemos está em um movimento rotacional, seria correto supor que o cosmos, em sua totalidade, também está rodopiando na imensidão da existência? Se está, onde é o eixo dessa rotação, ou ainda, onde é o centro do universo?
Quando colocamos nossa perspectiva, pensamentos e cálculos matemáticos para descrever a imensidão de tudo o que existe, dentro e fora de nossa vizinhança cosmológica, podemos ter alguns percalços no trajeto. Por exemplo, mal sabemos o que há em nossa galáxia, quiçá conseguir perscrutar o que há na periferia da imensidão cósmica.
Para dar conta de algumas dessas dúvidas fundamentais, podemos desenvolver modelos, que irão descrever o comportamento do universo, seja desde a criação, ou gerando previsões sobre como as coisas podem evoluir, e quem sabe, acabar.
Atualmente, seguimos um modelo que o descreve como isotrópico e em expansão. Mas o que isso quer dizer? Entenda um pouco mais sobre como o universo se comporta e se ele está ou não girando existência à fora.
Somos um pequeno sistema planetário na periferia de nossa galáxia.Fonte: Getty Images
Existo, logo giro?
Segundo a Teoria do Big Bang, tudo o que conhecemos se iniciou em uma explosão cósmica, espalhando material para todos os lados do espaço, antes vazio. No instante zero os elementos foram dispersos, aparentemente, de forma uniforme. Nesse sentido, utilizamos espaço, pois o cosmo, ou universo, estava naquele instante, se iniciando.
Para alguns estudiosos, o que poderia parecer um caos incerto e espalhafatoso, na verdade, poderia ter seguido uma ordem coerente na formação do mundo. Segundo pesquisadores, há uma possibilidade de que o universo tenha nascido e iniciado uma rotação cósmica. Esse fenômeno teria colocado todo restante da criação em movimento.
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Assim, todo pequeno rodopio atual, seria fruto do esforço do mundo para dar continuidade nesse impulso criador, que observamos até hoje em estrelas, planetas e galáxias, enquanto ele mesmo, o cosmo, ia gradualmente diminuindo seu movimento.
Mas nessa mistureba de modelos, cosmovisões e crenças, algumas teorias descritivas sempre ganham destaque, como Einstein e suas relatividades.
Relativo em relação ao o quê?
Segundo os modelos da relatividade propostos por Albert Einstein e dados cosmológicos, o cosmos de fato está em expansão. Entretanto, não de forma rotacional, e sim como algo mais parecido com um espalhamento uniforme.
Cosmólogos, físicos, astrofísicos e toda uma gama de outros profissionais, dedicados ao estudo do universo, se debruçam há décadas sobre os sinais de radiação emitidos dos confins do cosmo.
Um universo girando poderia nos trazer grandes complicações.Fonte: Getty Images
Ao que se sabe, o universo parece ser isotrópico, ou seja, ele tem as mesmas medidas físicas em qualquer uma de suas dimensões. É verdade que possam haver algumas pequenas variações, dependendo de onde o sinal é emitido, mas considerando a grandiosidade de todo o conjunto, elas podem ser facilmente toleradas.
Algumas outras propriedades nas dimensões e comportamento do cosmos demostram fortes indícios de que o universo não está em rotação e, que as chances de ele estar em revolução são muito baixas.
Todavia há uma pegadinha, a teoria da relatividade não impõe um universo estático, dando margem a possibilidade de um cosmo rodopiante. Se agarrando a essa brecha, Kurt Gödel, matemático e filósofo austríaco, nos deu um vislumbre de um universo preso no gira-gira da vastidão existencial.
Gödel e a teoria da rotação cósmica
Importante salientar que Gödel não era discípulo e arauto de um universo em constante rotação, mas ele se aproveitou da brecha deixada por Einstein para descrever alguns possíveis fenômenos em um cosmo rotacional.
Por exemplo, ele dizia que se assumida a rotação do universo, algumas linhas espaço-temporais poderiam ser “recortadas” em diferentes pontos, extinguindo-se a ideia atual de que ele é homogêneo.
Outra implicação seria a chance de realizarmos viagens no tempo caso conseguíssemos nos afastar suficientemente do centro de revolução, pois segundo o pensador, em algum ponto o universo, até mesmo a luz, poderia dobrar-se sobre si, dando chances para retornos temporais. Seria como saltar de um lugar para outro.
Aliás, a temporalidade também entra em discussão em seu experimento mental. Para Gödel, neste cenário mirabolante o tempo seria apenas um sentido, uma sensação e não uma dimensão singular no cosmo.
Segundo o modelo descrito, o espaço poderia dobrar sobre si e oportunizar viagens no tempo.Fonte: Getty Images
Mas apesar da aparente divergência, Albert Einstein e Kurt Gödel eram bons amigos e com certeza passaram horas discutindo as possibilidades que esse enredo científico poderia gerar na vida e pesquisa dos futuros estudiosos da cosmologia.
Fato é que não podemos afirmar com toda certeza que o universo não mantém uma rotação cósmica, mas, em contrapartida, caso se movimente, a taxa é tão ínfima que seria como se não estivesse girando. Em escalas cósmicas seria muito, muito lento, sendo assim, não geraria um impacto em como estudamos o universo.
Até que alguém consiga se retirar deste referencial não inercial e observar de fora os movimentos presentes no cosmos, continuaremos nosso esplendoroso rodopio através de nossa galáxia, sistema planetário e por fim nosso lar, a Terra, pois todo restante se move.
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