O estudo EY Global IPO Trends Q2 2024, dedicado a uma análise global das ofertas públicas com dados do 2º trimestre e 1º semestre de 2024, aponta que, nos primeiros seis meses do ano, as listagens diminuíram 12%, de 624 para 551, enquanto o rendimento caiu em 16%, de US$ 62,5 bilhões para US$ 52,2 bilhões, em comparação com o mesmo período do ano passado.
Produzido pela consultoria EY, o levantamento mostra que parte dessa queda é motivada principalmente pela baixa na região da Ásia-Pacífico, que apresentou redução de 43% na quantidade de ofertas públicas de 377 para 216. No que diz respeito ao volume de receita, a região, que abrange a Asean (países localizados na região sudeste da Ásia, Oceania e sudoeste da Índia) e a Grande China, viu o seu rendimento cair em 73% de US$ 39.1 bilhões para US$ 10.4 bilhões. Ainda assim, segue sendo o segundo maior polo com representatividade de 39% dos IPOs globalmente, porém, o último em rendimento com 20%.
“O mercado da Ásia-Pacífico atravessou por uma confluência de ventos contrários, incluindo tensões geopolíticas, eleições, abrandamento econômico (particularmente na China continental e Hong Kong), taxas de juro elevadas e uma seca de liquidez no mercado, o que tornou os investidores cautelosos. Exemplo disso são os mercados de IPO da ASEAN e do Japão, que passaram por uma recessão em novas listagens e arrecadação”, avalia Rafael A. Alves dos Santos, sócio e especialista em IPO na EY.
Por outro lado, as regiões das Américas (América do Norte e Argentina, Bermudas, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Equador, Jamaica, México, Peru, Porto Rico e Estados Unidos) tiveram um semestre positivo. O estudo aponta um crescimento de 12% no número de IPOs e de 67% em receita, totalizando 86 ofertas públicas e uma arrecadação de US$ 17. 8 bilhões no primeiro semestre deste ano. Apesar de ser o polo com menor representatividade com 16% em número de ofertas em comparação com outras regiões, é a segunda com 34% em arrecadação.
No Brasil, o mercado segue fechado desde o final de 2021, no entanto, os emitentes esperam que o período de seca termine em breve, potencialmente no final de 2024 ou em 2025, à medida que os mercados globais de IPO se recuperarem. “O Brasil ainda almeja uma redução da taxa de juros para taxas que se aproximem de um dígito. Se isso continuar, as condições poderão se tornar favoráveis para empresas bem estabelecidas se preparem e retomarem as negociações, adotando antecipadamente o rigor e a transparência de uma companhia pública”, pontua Rafael.
Segundo o especialista, “os setores da saúde, das ciências da vida e da tecnologia são os mais prósperos. Independentemente do setor, os investidores continuam a preferir empresas com um bom histórico, escala significativa e rentabilidade comprovada. Contudo, as eleições nos EUA e as tensões geopolíticas poderão impactar a atividade no segundo semestre do ano”.
O cenário positivo se repete na região da Europa, Oriente Médio e África (EMEIA) com um crescimento de 46% na quantidade de ofertas públicas e de 89% em arrecadação, totalizando 249 IPOs e um montante de US$ 24.0 bilhões no primeiro semestre de 2024. A região foi a que mais se destacou com uma representatividade de 45% dos IPOs globalmente e de 46% em rendimento.
“Com a inflação próxima do nível normal, as taxas de juro caindo, os mercados bolsistas atingindo máximas históricas e a volatilidade baixa, a EMEIA dominou o cenário global de IPO e grandes transações no primeiro semestre do ano ao originar seis das 10 maiores ofertas públicas. A Índia é o motor por trás do volume de negócios, com 152 empresas chegando ao mercado no primeiro semestre – um salto de 88% em relação ao mesmo período de 2023. Enquanto que a Europa lidera em valor de transação, gerando US$ 15,2 bilhões em receitas nos primeiros seis meses de 2024”, analisa Rafael.
No primeiro semestre de 2024, os setores industriais, tecnológicos e de materiais lideraram a emissão global de IPOs, com 115 (21%), 102 (19%) e 62 (11%), respectivamente. Entretanto, os setores da tecnologia, da saúde e das ciências da vida e da indústria lideraram as classificações de receitas na seguinte ordem: US$ 10.8 bilhões (21%), US$ 8.9 bilhões (17%) e US$ 7.9 bilhões (15%). “A Índia dominou em termos de volume de negócios, entretanto, os Estados Unidos segue sendo o lar de muitas das principais empresas mundiais de tecnologia e cuidados de saúde, além de um forte ecossistema para startups”, finaliza Rafael.