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Uma ‘nova estrela’ poderá surgir no céu a qualquer momento; saiba como assistir

A partir desta sexta-feira, 21 de junho, observadores do céu e apaixonados por estrelas em geral deverão ficar ligados, pois, em qualquer noite de inverno (verão no hemisfério norte), uma estrela fraquinha no céu noturno entrará em erupção, tornando-se brilhante de repente. A estrela, na verdade, uma nova recorrente é a T Coronae Borealis (T CrB).

A T CrB, que tem hoje uma magnitude +10, ou seja, além da visibilidade a olho nu segundo a NASA, passará a brilhar o mesmo que a Estrela Polar, também conhecida como Estrela do Norte, cuja magnitude é +2. Lembrando que, em astronomia, quanto menor a magnitude, mais a estrela brilha. O Sol, por exemplo, tem uma magnitude aproximada de -26,74.

Embora a nova magnitude transforme a T Coronae Borealis na 48ª estrela mais brilhante do céu noturno, o que tornará esse evento fascinante para todos os astrônomos e observadores de estrelas é sua raridade: a última vez que a T CrB brilhou desse jeito foi há 80 anos!

Por que a T Corona Borealis brilha de tempos em tempos?

Les aurores boréales ne devraient pas rester le seul phénomène céleste rare à observer à l’œil nu en 2024 : l’étoile binaire « T Coronae Borealis » va en effet connaître un sursaut lumineux spectaculaire, attendu entre mai et septembre 2024. On appelle ce phénomène une nova.… pic.twitter.com/tIZwUYXlLR

— Xplora (@XploraSpace) May 15, 2024

O fenômeno que estamos prestes a assistir, ou seja, o brilho repentino de uma estrela, é chamado “nova”, palavra que significa “estrela nova” em latim. No caso da T Coronae Borealis se trata de uma nova recorrente, que brilha em ciclos de 80 anos ou menos, e retorna ao seu brilho normal. É importante não confundir esse fenômeno com uma supernova, que acontece durante a morte de uma estrela. Veja abaixo as diferenças.

Nova ou supernova?

Embora ambas se refiram a explosões estelares, novas e supernovas são eventos totalmente diferentes, tanto na origem, quanto na intensidade e nas consequências posteriores. A T CrB é uma nova, o que significa, um brilho repentino e radiante de estrela, cuja luminosidade aumenta entre 100 a 10 mil vezes. Existem apenas cinco novas recorrentes em nossa galáxia.

O fenômeno ocorre porque a T Coronae Borealis é um sistema binário de estrelas, no qual uma anã branca suga matéria de sua colega gigante vermelha, que está morrendo. Quando a pressão e a temperatura aumentam bastante, o hidrogênio acumulado sofre fusão nuclear de forma explosiva, causando um aumento temporário no brilho da anã branca. Mas o sistema se mantém intacto.

T Coronae BorealisAnimação de um sistema estelar binário como  a T Coronae Borealis.Fonte: NASA’s Goddard Space Flight Center

E as supernovas?

Já no caso da supernova, a explosão é mais violenta e definitiva, pois marca o final da vida de uma estrela. Elas são também muito mais brilhantes, chegando a cintilar mais do que uma galáxia inteira por um período breve. Além disso, supernovas são perigosas e podem se tornar mortais se ocorrerem perto de um planeta.

Supernovas produzem raios gama e perigosas radiações ionizantes.Supernovas produzem raios gama e perigosas radiações ionizantes.Fonte:  Getty Images 

Por isso, cientistas estão constantemente especulando sobre possíveis riscos da explosão de supernova para a vida na Terra. Em um deles, publicado recentemente na Communications Earth & Environment, os autores afirmam que uma supernova próxima poderia produzir uma explosão de raios gama capaz de aumentar em até 100 vezes os raios cósmicos durante vários séculos.

Felizmente, o estudo conclui que, “no geral, a biosfera continuaria funcionando apesar de um aumento de 100 vezes na radiação UV. Nossa atmosfera e magnetosfera podem lidar com isso”, diz o release.

Como posso assistir ao brilho da “nova estrela” no céu?

A T CrB fica na constelação Corona Borealis, no A T CrB fica na constelação Corona Borealis, no “cotovelo” de Hércules.Fonte:  Vito Technology/Divulgação. 

Com a magnitude atual, a T Coronae Borealis será dificilmente identificada no Brasil. Isso porque a sua constelação, Coroa Boreal, é melhor observada no Hemisfério Norte. No entanto, será possível observá-la aqui, perto do horizonte norte, em julho.

Podemos, no entanto, nos beneficiar de uma transmissão ao vivo do Projeto Telescópio Virtual, que mostrará, na segunda-feira (24), o “encontro” da T Coronae Borealis com o asteroide Pallas. A transmissão terá início às 17h (horário de Brasília) e você pode se inscrever no canal do telescópio virtual, no YouTube.

Quem quiser observar diretamente a estrela, depois que ela explodir, pode ativar as notificações push em aplicativos de astronomia, como o Star Walk 2 ou o Sky Tonight, e receber notificações assim que for confirmada a explosão da T Coronae Borealis.

E não se desespere se não conseguir observar o momento exata do fenômeno, pois a nova recorrente permanecerá visível a olho nu, com binóculos ou um pequeno telescópio, por mais de uma semana. Vale a pena investir tempo nesse espetáculo, pois ele só voltará a ocorrer no século XXII. 

Curtiu o conteúdo? Então, fique por dentro de mais fenômenos astronômicos incríveis como esse, aqui no TecMundo! E não deixe de assistir, aos vídeos da NASA mostram 20 anos de história de duas supernovas apenas 20 segundos.

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