A Motorola anunciou nesta terça-feira (25) a sua nova geração de celulares dobráveis. Os novos Razr 50 e Razr 50 Ultra traz melhorias importantes: as telas são maiores, a dobradiça é mais firme e fica fixa em mais ângulos, a autonomia de bateria e desempenho ganharam um impulso. E, pela primeira vez nos seus dobráveis, a empresa traz uma câmera telefoto.
Existe uma grande expectativa para os novos Razr. A Motorola diz que eles são os celulares dobráveis mais capazes que já criou, e aposta firme em parcerias com Pantone, Bose e Corning para isso.
O TecMundo veio até Nova York, nos EUA, conhecer a nova geração de celulares dobráveis da Motorola de perto e você pode conferir as minhas primeiras impressões logo a seguir.
Design já conhecido
É difícil encontrar alguma grande diferença estética entre os novos dobráveis da linha Razr. Eles seguem o formato flip e, ao menos na parte exterior, contam com muita coisa igual. Os botões, microfones, entradas, faixas de antena, leitor de digitais na lateral, saídas de som estéreo e mais estão todos no mesmo lugar.
Quer saber a diferença entre eles? Primeiro, é só olhar para as cores: o Razr 50 está disponível nos tons “areia” (Beach Sand), cinza (Koala Grey) e laranja (Spritz Orange), e o Ultra vem nos tons azul (Midnight Blue), verde (Spring Green), um rosa bem escuro (Hot Pink) e pêssego (Peach Fuzz), que é a cor do Pantone de 2024. Eu achei a verde a mais bonita de todas, mas me conta aqui depois qual você mais gostou.
Eles continuam com laterais arredondadas em alumínio (série 6000), que acompanham as cores dos modelos, trazem o mesmo peso de 189 gramas, Gorilla Glass Victus no vidro da tela externa e a certificação IPX8 contra água. Segundo a Motorola, além da certificação IPX8, a tela dos celulares conseguirá identificar melhor os toques quando você estiver com as mãos molhadas, por exemplo.
Ainda é um tanto difícil garantir resistência à poeira, mas essa é uma questão a ser resolvida por toda a indústria nesses celulares dobráveis. Vale notar que os novos Razr também trazem uma diferença milimétrica na espessura, mas isso é algo muito difícil de se notar.
Você também percebe que eles trazem materiais “diferentes” na parte traseira. Essa vem sendo a aposta da Motorola para diferenciar os seus celulares dos concorrentes, que normalmente trazem vidro nessa área.
Por exemplo, há um acabamento em vegan leather em algumas cores, mas também um material que sintetiza o toque da camurça. Em alguns modelos o acabamento é mais texturizado, em outros ele se divide, e em outros tem um toque um pouco mais suave. A empresa vem puxando esse apelo mais “fashion”, como cita, e diz que esse é um dos focos da nova geração.
Tela externa é quase a principal
Quando eles estão fechados, aí fica um pouco mais fácil identificar quem é quem. Em resumo, o novo Razr 50 padrão tem o mesmo tamanho de tela do Razr 40 Ultra. Ele saiu de uma telinha com 1,5 polegada para uma pOLED de 3,6 polegadas (1056 x 1066p), que ocupa quase toda a área externa.
Já o Razr 50 Ultra fez um upgrade: agora ele vem com uma tela externa pOLED de 4 polegadas que ocupa quase toda a parte de fora. Por isso ele tem bordas bem pequenas nessa região e traz uma sensação de bastante imersão. Com ele fechado, fica até mais nítida essa divisão entre tela e a parte “traseira”, enquanto o Razr 50 padrão ainda tem uma “testinha” nessa parte.
Nos dois aparelhos, a tela externa vem com tecnologias como suporte de cores 10-bit, 100% de DCI-P3, HDR10+ e uma alta taxa de atualização. No Razr 50 padrão ela vai até 90Hz, e no Razr 50 Ultra ela chega em até 165Hz. Tem também diferença no brilho: enquanto o modelo de base tem um pico de até 1.700 nits, a versão mais potente chega em até 2.400 nits. Isso significa que é mais fácil ver o que está na tela mesmo sob luz solar forte.
Razr 50 e Razr 50 Ultra trazem telas externas maiores e mais funcionais, com interface melhorada.
A Motorola deu uma repaginada nos aplicativos e menus que aparecem na tela externa. Principalmente no Razr 50 Ultra, fica mais fácil para navegar, a distribuição de botões está mais organizada e até mesmo os apps funcionam de maneira mais agradável.
Inclusive, a integração entre Google e Motorola faz com que o Gemini seja utilizado de maneira completa na tela externa dos dois aparelhos. Aí você pode interagir com a inteligência artificial sem precisar abrir os celulares. Quem comprar os novos Razr 50 ainda ganha três meses grátis do plano avançado do Gemini com 2 TB de armazenamento.
No lançamento, a Motorola ressaltou bastante a importância da tela externa. Com os paineis reformulados, a empresa também traz recursos como o de “zoom out” para ver quais paineis estão abertos. Aí você pode trocar mais rápido de um app para outro — ele abre como se fosse a janela de multitarefa do próprio Android.
Também é possível customizar a ordem dos paineis, deixar o ícone de algum aplicativo mais acessível e usar um novo painel do Spotify para controlar as músicas. Quem tem os fones Moto Buds+ também encontra um painel da Bose para fazer os ajustes de forma mais prática.
A Motorola ressaltou a importância da personalização nos novos aparelhos. O líder de hardware e marketing Thomas Milner reforça a chegada do recurso de tela sempre ativa “de verdade” nessa geração. Você pode ativar essa ferramenta ou então combinar o que aparece na tela com seu papel de parede, mas também pode deixar os aparelhos exibindo suas fotografias como um porta-retratos digital.
Nesse contato que eu tive com os celulares, o Razr 50 Ultra foi o que chamou mais atenção por motivos claros. Essa tela ainda maior deixa você usar o celular com mais praticidade, sem ter que abrir ele toda vez para uma navegação mais completa. É claro, alguns apps ainda funcionam melhor na telona, mas essa mudança é bem positiva.
Eu falei na análise do Razr 40 Ultra que ele foi o dobrável em formato flip mais bonito de 2023, mas será que o novo vai manter essa coroa em 2024?
Tela dobrável
Mas nem só de tela externa vivem os novos Razr 50 e Razr 50 Ultra. Os dois trazem uma tela interna, a dobrável, com o mesmo tamanho de 6,9 polegadas e com tecnologia pOLED. Elas têm a mesma resolução Full HD+ (2640 x 1080 pixels, 22:9), com um furinho lá no topo para a câmera frontal, mas com algumas diferenças técnicas.
No Razr 50, você encontra uma taxa de atualização de 120 Hz e no Razr 50 Ultra ela chega em até 165 Hz. Uma mudança muito importante que a Motorola fez foi trazer a tecnologia LTPO para os dois. Isso significa que eles podem atingir até 1Hz de reprodução, o que deve consumir menos energia.
Eu tentei ver “de perto” como eles se comportavam com a frequência das telas, mas as unidades que testei ficaram com 90Hz na maior parte do tempo. A empresa também afirma que a dobradiça está 30% menor e mais estável. Eu fiz alguns testes com o modelo anterior durante o evento e, de fato, me pareceu mais fácil abrir ou fechar com uma mão — essa pode ser uma boa notícia para quem é desastrado.
Outra coisa legal é o pico de brilho, que pode atingir até 3.000 nits nos dois, segundo a Motorola. É um padrão alto o suficiente para que a luz solar não atrapalhe o que você está vendo. Além disso, eles trazem todas aquelas tecnologias de padrão de tela, como 10-bit, HDR10+ e 120% da gama DCI-P3. Por aqui, as mudanças são um pouco mais sutis mesmo, deixando o destaque para as telas externas.
Hardware, software e bateria
No novo Razr 50, a Motorola traz o chipset MediaTek Dimensity 7300X, que foi anunciado há pouco tempo. Ele também vem com 256 GB de armazenamento (UFS 2.2) e 8 GB de RAM (LPDDR4X). Já o Razr 50 Ultra vem com o Snapdragon 8s Gen 3 — que é mais avançado, mas fica abaixo do 8 Gen 3 padrão. Ele vem com 12 GB de RAM LPDDR5X e até 512 GB de armazenamento UFS 4.0.
Ou seja, a empresa repetiu a configuração do ano passado com um modelo intermediário mais avançado, e com outro que é mais focado em ser um topo de linha. Isso fica claro na escolha dos componentes, de forma geral. Mas, vale ressaltar que ambos os chipsets são construídos no processo de litografia de 4 nanômetros.
Eles ainda trazem o Android 14 de fábrica e, segundo a Motorola, serão atualizados até o Android 17. As atualizações de segurança devem ser garantidas pela empresa por quatro anos. Ela também ressaltou alguns novos recursos do Moto AI, seu sistema de inteligência artificial:
- Os celulares poderão enviar resumos de notificações importantes;
- Eles também poderão gravar o áudio de conversas, palestras ou reuniões, depois transcrever e resumir tudo. Basta pedir para que ele “preste atenção”;
- E eles também poderão “se lembrar” de momentos quando você pedir. Seja utilizando a câmera ou registrando informações na tela, os detalhes deverão ser armazenados nos próprios dispositivos com todos os detalhes.
Eu não pude testar nenhum desses recursos porque eles não estavam disponíveis para uso. No entanto, eles devem chegar em breve, segundo a companhia. A Motorola também disse que estuda levar o Gemini na tela externa para o Razr 40 Ultra, por exemplo. Em breve, o Moto AI também poderá trazer respostas rápidas, sugestões de uso e orientações com base nas informações dos usuários, tudo pensando no contexto geral dos celulares.
Em conectividade, encontramos mais algumas diferenças. Eles compartilham o mesmo Bluetooth 5.4 e NFC, mas o modelo padrão vem com Wi-Fi 6E e o mais robusto traz o Wi-Fi 7.
Quando a gente passa para a bateria, o Razr 50 fica muito próximo do modelo do ano passado. Ele traz os mesmos 4.200 mAh de capacidade, com suporte para carregadores de até 30 watts com fio e 15 watts sem fio.
Já no Razr 50 Ultra há um leve aumento: ele saiu dos 3.800 mAh para 4.000 mAh, e agora tem suporte para carregadores de até 45 watts. Ele traz o mesmo carregamento wireless, e até pode carregar outros aparelhos, também sem fio, com 5 watts de potência.
De acordo com a Motorola, a autonomia de ambos melhorou nessa nova geração, o que pode trazer um “gás extra” para os dobráveis.
Câmeras renovadas
A Motorola fez boas mudanças nas câmeras dos aparelhos. O Razr 50 agora tem um sensor principal tem 50 MP e o de ângulo aberto e macro com 13 MP. Já o Razr 50 Ultra tem, além da câmera principal de 50 MP, um sensor telefoto com zoom óptico de 2x de mesma resolução. Já nas selfies, ambos trazem câmeras de 32 MP.
Câmeras do Razr 50:
- Principal: 50 MP (f/1,7), OIS, filma em até 4K com 30 fps;
- Ângulo aberto e macro: 13 MP (f/2.2), 120º, filma em até 4K com 30 fps;
- Frontal: 32MP (f/2.4), filma em até 4K com 30 fps.
Câmeras do Razr 50 Ultra:
- Principal: 50 MP (f/1,7), OIS, filma em 4K até 60 fps;
- Telefoto com zoom óptico de 2x: 50 MP (f/2.0), filma em 4K até 60 fps;
- Frontal: 32MP (f/2.4), filma em até 4K com 30 fps.
Essa é a primeira vez que a Motorola traz uma câmera telefoto para os seus dobráveis, e também neste ano ela trouxe um sensor do tipo para a linha Edge. O apelo é simples: apesar de ser um zoom de “apenas” 2x, você pode ser aproximar de cenas mais facilmente sem perder qualidade de imagem.
Eu gostei bastante das fotografias que fiz com os novos celulares. O pós-processamento dá uma boa realçada nas cores e detalhes, deixando até as cenas escuras um pouco mais brilhantes.
Um recurso legal de câmera está no modo de gravação. Quando você segura o celular em 90º com a câmera aberta naquele formato de câmeras mais antigas, ele pode iniciar automaticamente uma gravação. Aí você consegue controlar o zoom com a área da tela que está segurando, apenas deslizando o polegar para cima ou baixo. Quando quiser finalizar uma gravação, é só abrir o celular por completo ou apertar o botão.
Boas mudanças e lançamento no Brasil
A Motorola falou bastante sobre essa repaginada na linha de dobráveis durante o seu evento. Os novos Razr 50 e Razr 50 Ultra, segundo a própria empresa, agora são produtos ainda mais completos para o mercado se comparados com a geração anterior.
Trazer uma tela externa maior no próprio Razr 50 é um grande atrativo. Tão grande que, para a maioria dos usuários, ele acaba trazendo vantagens bem competitivas em relação ao Razr 50 Ultra, que é a versão para quem quer o melhor.
E já que estamos falando disso, foi uma boa jogada aumentar o tamanho da tela externa do modelo Ultra. Tanto pela usabilidade geral, quanto pelo design, o celular ficou bem bonito e permite que você utilize essa tela não só como algo secundário, mas com um pouco mais de liberdade.
Nós ainda não sabemos quando a Motorola vai lançar os novos Razr 50 e Razr 50 Ultra no Brasil, e nem os seus preços locais. Respectivamente, eles custam US$ 699 (cerca de R$ 3,8 mil em conversão direta) e US$ 999 (cerca de R$ 5,4 mil em conversão direta). Mas, considerando o lançamento do ano passado, eu imagino que isso não vá levar muito tempo.
Vale ressaltar que, segundo a Motorola, há um aumento de 50% no tráfego de usuários que trocam os seus iPhones por um Razr e a nota de aprovação da sua linha de dobráveis (dos próprios consumidores) aumentou 1,5x.