A adoção do serviço de telefonia móvel pelos ISPs (Internet Service Providers) deixa de ser uma hipótese ainda em estudo, para começar a ganhar uma gama muito maior de interessados, conforme demonstrou o Congresso da Abrint, que está hoje, 13, em seu segundo dia. E, juntamente com o crescimento do interesse por esse serviço, surgem também novos modelos de negócios que visam atrair com mais celeridade os provedores.
Enquanto não saem as regras da Anatel para a exploração do mercado secundário de espectro, começam a surgir diferentes soluções para o MVNO (Mobile Virtual Network Operators) se transformar na solução para os provedores regioanis.
A Tip Brasil é uma das empresas que resolveu desenvolver um novo modelo de rede e de monetização para massificar o MVNO entre os ISPs. Atualmente, a empresa usa a infraestrutura de rede vário MNOs, entre eles a TIM, a Datora, e mais recentemente incorporou também a rede da Vivo.
Segundo Carlos Ratts, head de MVNO e streaming da empresa, os chips que comercializam white label para os ISPs, na tecnoliga 4G LTE, podem acessar o sinal de sua própria rede privativa, que permite que o provedor possa oferecer ao seu cliente mobilidade de até 14 quilômetros fora de sua base original.
Além disso, diz o executivo, o provedor de internet, que é o seu cliente, paga por Giga trafegado, e não por um pacote de dados fechado. ¨ Fica muito mais rentável para o ISP, que paga apenas pelo dado trafegado. O ISP falava pra gente que ganharia muito pouco dinheiro, mas há um mercado de milhões de clientes finais que não pode ser desprezado e por isso criamos um novo modelo de monetização¨, completa.
Último metro
Para Daniel Fuchs, diretor de Inovação da Datora, os ISPs começam a se voltar com mais interesse para o segmento de telefonia celular até mesmo como reação ao 5G, na defesa de seu mercado. Mas o executivo alerta que a telefonia móvel tem características bem mais complexas do que a banda larga fixa, entre elas, a área de cobertura.
Para Fuchs, ainda faltam soluções mais robustas para que o setor possa vender novas funcionalidades da tecnologia móvel, principalmente em relação ao IoT (Internet of Things). Mas enxerga com um grande potencial o FWA – serviço fixo baseado no 5G – para ser usado nas grandes cidades, para o atendimento de condomínios. ¨O FWA pode resolver o problema do último metro, e não mais da última milha¨, vislumbra.
Telefonia Móvel ISPs
A Ligga, por sua vez, que anunciou na Abrint a nova forma de exploração da frequência do 5G que comprou no leilão da Anatel, criou, juntamente com seu parceiro, uma modelagem bem mais conplexa, com várias alternativas, mas que, no final, significa novos modelos para o MVNO.
Segundo Marcelo Siena, head da ISP Telecom, o parceiro da Ligga na empreitada, essa empresa foi criada para não apenas atuar como uma MVNA como também como um MVNO autorizado (que tem mais obrigações junto à Anatel), responsável com a interface junto ao ISP, que será o MVNO credenciado.
A ISP Telecom é a responsável por construir toda a infraestrutura da rede móvel e, para isso, conta com três alternativas: o ISP pode participar como investidor, ou como fornecedor de infraestrutura (por exemplo, compartilhando o seu backhaul com a empresa) ou simplesmente participar como credenciado do projeto.
O interessante dessa modelagem é que a ISP Telecom vai massificar a infraestrutura móvel com um ativo que existe aos milhares no país, mas que está praticamente em desuso: as antenas de WiFi que antes eram usadas pelos provedores, mas que foram esquecidas quando da substituição dessa rede pela fibra óptica.
¨Podemos oferecer preços mais agressivos porque eliminamos a camada mais acima. Além disso, iremos usar a infraestrutura do provedor para escoar o tráfego localmente, o que ficará mais barato e mais rápido¨, afirma Siena. Segundo ele, com essa variedade de opções a empresa projeto que em 4 anos, seus clientes ISPs de telefonia móvel já tenham cerca de 3 milhões de usuários em suas carteiras.