A indústria eletroeletrônica ampliou o número de trabalhadores em 2024, na comparação com 2023. Chegou a 275,5 mil profissionais registrados no final de abril. Os dados foram reunidos pela Abinee, a partir dos números atualizados do Novo Caged. No ano, o saldo de contratações foi positivo em todos o meses.
Segundo a Abinee, o fenômeno tem explicação. As empresas estão otimistas com o longo prazo, especialmente as do setor elétrico. A área eletrônica está com perspectiva mais conservadora.
O empresário manda embora quando acha que a perspectiva não é favorável para os próximos meses. Porém, está investindo mais em mão de obra.
O movimento é baseado em expetativas futuras. As fábricas estão mais confiantes de que os negócios vão melhorar, mas isso não significa que já melhoraram, cabe ressaltar.
Juntando-se expectativa de crescimento e necessidade de mão de obra especializada, que é menos abundante, as empresas procuram manter ou fortalecer suas estruturas a fim de estarem preparadas quando ocorrer o aquecimento da demanda.
Outra métrica que oferece pistas sobre isso é o Índice de Confiança do empresário Industrial (ICEI). O número para o setor eletroeletrônico foi de 50,3 em maio deste ano, contra 49,8 em maior de 2023. Ou seja, há melhora anual. Ainda assim, o empresário do setor eletroeletrônico está menos confiante do que o da indústria geral, cujo ICEI subiu de 49,2 para 52,2 em um ano.
O ICEI tende a apresentar um cenário de curto prazo, com forte influência política, e nem sempre revela as expectativas apenas de negócio. Já os dados de contratação tendem a demonstrar melhor se as empresas acreditam em crescimento, estagnação ou retração da economia.
Celso Luiz Martone, diretor da área de Economia da Abinee, analisou a conjuntura em março, quanto os dados atividade industrial apresentaram melhora. “É razoável esperar que o desempenho deste ano seja melhor do que o dos anos anteriores. (…) É provável que o período de quedas sucessivas dos anos anteriores, motivadas principalmente pelo ciclo de renovação de estoques típico dos bens duráveis de consumo e amplificado pela pandemia, tenha terminado”, avaliou à época, em relatório.
Ainda assim, o economista é cauteloso. A seu ver, é pouco provável que o Brasil tenha expansão além de 2% do PIB, e o aumento dos gastos de governo tende manter o crescimento em marcha lenta, com potencial elevação da carga tributária, apesar da reforma atualmente em debate.