Um estudo da Superintendência de Relações com os Consumidores (SRC) da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), divulgado nesta segunda-feira, 17, aponta que apenas 18% da população brasileira possuía habilidades digitais de nível intermediário em 2023. Quando se fala em nível avançado, o número cai para 4%.
Os dados fazem parte do acompanhamento da Anatel diante de um dos objetivos previstos no Plano Estratégico da Agência, que tem como meta alcançar 30% de jovens e adultos com habilidades digitais intermediárias até 2027. A análise leva em conta microdados da Pesquisa TIC Domicílios realizada pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), levando em conta ainda a estimativa da população com 10 anos ou mais.
Para avaliar as habilidades digitais intermediárias são considerados os conceitos recomendados pela União Internacional de Telecomunicações (UIT), que compreendem o uso de funcionalidades compatíveis com o exigido no mercado de trabalho (veja lista mais abaixo).
O estudo da Anatel observa que o aumento da população com habilidades digitais intermediárias entre 2022 e 2023 foi de apenas 0,5 pontos percentuais, enquanto que o ritmo ideal seria um avanço superior a 3 pontos percentuais ao ano.
“Em números absolutos, isso representa incluir nesse rol aproximadamente 23 milhões de pessoas nesse período [até 2027], ou cerca de 5,6 milhões de pessoas por ano”, consta no relatório.
Habilidades digitais intermediárias
Conforme o estudo da Anatel, foram consideradas habilidades digitais intermediárias no levantamento:
- Instalar programas de computador ou aplicativos de celular
- Conectar ou instalar novos equipamentos com ou sem fio, como modem, impressora, câmera ou Microfone
- Criar uma apresentação de slides; e
- Usar fórmula em uma planilha de cálculo
Já a habilidade avançada consiste em criar programa de computador ou aplicativo de celular usando linguagem de programação.
Desigualdades
Regionalmente, o Nordeste brasileiro apresenta as menores proporções de população com habilidades digitais em todos os níveis – básicas (19,8%), intermediárias (12%) e avançadas (2,7%). Os melhores índices são do Sudeste. Veja abaixo:
A Anatel destaca ainda que a população que reside na área rural possui, proporcionalmente, menos habilidades digitais que a população da área urbana. Para o nível intermediário, “a diferença da área urbana para a rural é de 7,5 pontos percentuais com a área rural alcançando apenas 11,3% de pessoas”, analisa o estudo.
Considerando outros recortes, como grau de instrução, classe social e nível de renda, observa-se que, “em geral, quanto mais altos esses fatores, maior a proporção de pessoas com habilidades digitais”. Veja abaixo:
Recomendações
Por fim, a Superintendência de Relações com os Consumidores faz recomendações para superar desigualdades nas habilidades digitais, em síntese, atuando em ações que priorizem os grupos com menores índices.
Sugere-se ainda “incrementar o engajamento e o comprometimento com a alfabetização digital dos diversos atores da sociedade civil e dos governos”. “No caso dos governos, nas esferas federal, estadual e municipal, inclusive com o desenho e a implementação de políticas públicas que contribuam para posicionar o país como um dos líderes em habilidades digitais no mundo”.