Paulo de Godoy, country manager da Pure Storage no Brasil
Sabemos que as migrações tecnológicas incluem potencial perda de dados, tempo de inatividade do sistema, problemas de compatibilidade e interrupções nas operações comerciais – mas estes não são todos os riscos.
Bom, é fato que se estamos nos mudando para uma casa nova, por exemplo, é natural ficarmos animados com a ideia. Ainda assim, será uma decisão cuidadosamente pensada e orçada. Afinal, ninguém compra ou aluga um imóvel sem considerar os custos principais, como energia, aquecimento, água, além das despesas mensais de moradia. Então, do mesmo modo, ao considerar o armazenamento de dados, os líderes precisam garantir que estão considerando e construindo os custos e as operações contínuas.
Um relatório da Forrester sobre uma plataforma de software da Thomson Reuters estima que os custos de implementação podem chegar a 40%. Já a pesquisa Cloud Pulse Survey 4T23 da IDC coloca esse valor ainda mais alto, com 1.350 usuários de nuvem em todo o mundo afirmando que 54% do orçamento de TI é alocado para manter os sistemas e aplicações de TI existentes, em vez de novos projetos que apoiam a inovação nos negócios.
A questão aqui é que estes itens não são considerados com frequência quando se toma uma decisão de compra. Isso porque a maioria dos clientes não possui essas métricas ou mede em diferentes centros de custo, com orçamentos atribuídos a outros departamentos: a eletricidade está nas instalações, a contratação fica com o RH, os custos de migração (horas de fim de semana e gerenciamento de edifícios, por exemplo) estão em TI, finanças e instalações, enquanto a área de compras examina o custo inicial. É como comprar uma casa olhando através de um pequeno olho mágico na porta. Quando a porta se abre, os novos proprietários percebem que não é o apartamento moderno e espaçoso que lhes foi prometido – e o choque é desagradável.
Por que as empresas fazem isso?
Há três questões:
- A equipe de compras não entende as complexidades do gerenciamento da infraestrutura, pois está concentrada em pressionar o fornecedor na hora da venda, e não no uso a longo prazo, ou a medida é bonificada apenas pelo custo de aquisição.
- Nem sempre se sabe como medir o custo total. Alguns fornecedores ofuscam os custos reais de operação simplesmente para entrar no mercado.
- Os custos operacionais em um período de três a cinco anos parecem estar muito distantes. E, às vezes, quem está implementando o sistema pode pensar que, em alguns anos, o problema será de outra pessoa.
Vamos focar agora neste último ponto: é tão distante que fica fácil esquecer a dor da migração e do gerenciamento do departamento de tecnologia. Substituir um servidor é muito fácil, as equipes movem instâncias de máquinas virtuais de um lugar para outro e isso é instantâneo, requer mínimo ou zero esforço e tempo. No entanto, uma nova matriz de armazenamento é diferente.
Imagine a casa novamente: você percebe que ela está caindo aos pedaços, não pode mais morar lá e precisa se mudar. Todas as suas lembranças e móveis estão lá – os seus dados, que valem muito! Uma migração é o equivalente a não consertar um telhado com vazamento e esperar que seus pertences permaneçam seguros e secos. Usando um sistema legado, as empresas são forçadas a fazer isso a cada alguns anos. Isso representa um enorme risco comercial e um gasto considerável de tempo, planejamento, esforço e custo. Infelizmente, algo invariavelmente dá errado, os pertences podem ser extraviados e dados valiosos e operações comerciais são colocados em risco.
Esses erros ou problemas se devem a alguns fatores. No caso do erro humano, podem gerar interrupções durante o gerenciamento de mudanças. Se as empresas puderem minimizar as mudanças, elas automaticamente reduzirão os riscos. As soluções de armazenamento como serviço (STaaS) ajudam a eliminar os esforços com gerenciamento de mudanças e o valor disso é imenso. Para muitas empresas, a migração é um problema grande e caro e, com STaaS, os componentes do array são substituídos conforme necessário, assim é possível eliminar essas preocupações e o tempo de inatividade. O STaaS agrega ainda mais valor, pois o fornecedor compartilha o risco de consumo e oferece muitos serviços de valor agregado, como planejamento de capacidade. Além disso, é importante se alertar aos SLAs e garantias que colocam o ônus sobre o fornecedor para que ele gerencie e forneça um serviço de forma adequada.
O equilíbrio entre as pressões orçamentárias e a necessidade insaciável de mais armazenamento de dados está impulsionando o aumento da adoção do STaaS. O valor é enorme para que as empresas: a) minimizem os riscos; b) eliminem as migrações; c) reduzam o lixo eletrônico; d) aumentem a agilidade dos negócios; e) garantam a utilização eficiente dos ativos – e a lista dos benefícios vai longe.
Prepare-se para os imprevistos
Estima-se que uma migração planejada leve cerca de um ano, mas, invariavelmente, levará muito mais tempo. Já ouvi falar de um grande banco que estava migrando uma tecnologia legada e programou dezenas de aplicações para migrar em um fim de semana, mas, no último minuto, apenas algumas delas seriam transferidas devido a outros fatores. Isso significaria atrasos constantes no processo de migração, o que imediatamente aumenta o custo. Sem contar que os novos arrays ficam subutilizados em grande parte. Se o setor de compras avaliou um negócio com base no custo por gigabyte e os arrays não estão sendo preenchidos rapidamente, o custo real por gigabyte está aumentando. Se em um ano um array estiver apenas 50% cheio, significa que o cliente pagou o dobro e está usando apenas metade do que foi comprado. A infraestrutura antiga, que já deveria estar desativada, não foi porque as aplicações e os dados ainda estão nela. Além disso, o novo kit está ocioso, mas custa dinheiro para funcionar. Enquanto isso, o responsável pela compra pode estar “curtindo” um bônus que recebeu por ter comprado soluções baratas. As empresas precisam evitar esse trabalho em grande escala e optar por uma tecnologia que seja atualizada de forma contínua e sem interrupções.
Mudar para um hotel?
Eu diria que quase ninguém gosta de cozinhar e limpar todos os dias ou pagar impostos, e muita gente opta por flats, hotéis e serviços de acomodações temporárias para evitar isso. Embora recebam um serviço e uma experiência premium, elas pagarão um preço premium. Essa é uma das promessas da nuvem: As equipes de TI e os proprietários de aplicações não precisam se preocupar com a execução diária ou com problemas de migração, mas pagam um preço muito alto por cada utilidade incremental. Outra pessoa arca com a subutilização e o risco de migração. Em segundo plano, há um exército de pessoas realizando todas essas funções. Embora não seja a equipe da empresa que esteja realizando o trabalho, a empresa pagará por isso, às vezes sem perceber. É claro que há benefícios da nuvem, incluindo economias de escala, portabilidade, facilidade de uso e a capacidade de testar coisas novas. Há lugar para a nuvem e para o on-premise, dependendo dos objetivos comerciais da empresa, e a maioria tem uma abordagem híbrida atualmente. As pessoas percebem que, se for realizada uma avaliação adequada do gerenciamento do ciclo de vida dos ativos de infraestrutura e se o ambiente for bem administrado, as empresas poderão fornecer armazenamento on-premise para as cargas de trabalho e as aplicações adequadas a um custo de longo prazo menor do que na nuvem.
Estratégia para proprietários
Para evitar cair nessa armadilha e se sobrecarregar com custos inesperados, as empresas precisam de uma abordagem de longo prazo. A estratégia deve garantir que as implementações de tecnologia não se concentrem apenas no custo inicial da compra, mas sim em todo o ciclo de vida da propriedade. Assim como o proprietário de uma casa precisa fazer um orçamento para reparos, o mesmo acontece com as empresas quando consideram o armazenamento de dados no longo prazo e a eliminação de migrações. A união de todas as partes de uma empresa é vital para o sucesso – compras, infraestrutura, RH, TI mais ampla, proprietários de aplicações, todos eles precisam estar envolvidos e cientes do que e porque está sendo adquirido, para que possam se preparar para o sucesso a longo prazo.