A partir de 28 de outubro, segundo previsão do Banco Central (BC), uma nova funcionalidade do Pix estará disponível, o Pix automático. Criado para cobranças recorrentes, como contas de luz, água ou mesmo serviços de streaming, o Pix automático funcionará de certa forma, como o débito automático em conta, em que o pagador deve autorizar previamente os débitos periódicos.
Enquanto será uma opção para quem paga, a modalidade abre mais possibilidades para quem precisa fazer cobranças. “Costumo dizer que o Pix transformou a vida da pessoa física. Ele foi responsável pelo maior evento de bancarização do país. Antes dele, cerca de 50% da população tinha relação com uma instituição bancária. Hoje mais de 90% das pessoas têm acesso a esse serviço bancário”, afirma Orli Machado,CEO da C&M Software, empresa que participou da implementação do Pix no Brasil, além de ter contribuído com o projeto de concretização do FedNow nos Estados Unidos, o “pix norte-americano”.
Já o Pix automático, avalia Machado, será uma transformação para as empresas e as fintechs. Isso porque empresas que precisam emitir boletos de cobrança não precisarão mais ficar presas a uma instituição bancária como acontece com o débito automático.
Ou seja, não será mais necessário que uma grande operadora de celular ou um condomínio pequeno, por exemplo, tenham um convênio bilateral com uma ou até várias instituições financeiras, o que aumenta a burocracia e a complexidade do processo de cobrança.
“Existe uma concentração desse serviço no país, em que cinco ou seis bancos liquidam meio trilhão de reais em boletos mensalmente. Muitos bancos e fintechs não conseguem ofertar para os clientes a opção de débito em conta porque isso exige um sistema robusto para ser feito”, afirma o CEO da C&M Software.
Novo mercado para fintechs
Com essa mudança, as empresas estarão livres para decidir onde receber os valores de seus clientes. Para Machado, a entrada do Pix automático no mercado haverá espaço para que pequenos bancos e fintechs possam competir por contas de pessoas jurídicas. “A maior mudança é a descentralização de um serviço bancário no Brasil, que é a cobrança. As mais de 900 fintechs brasileiras poderão criar produtos específicos para entender PJs”, diz.
Com data prevista para o lançamento do Pix automático, o executivo acredita que as fintechs que ainda não começaram a preparar suas infraestruturas operacionais e de negócios, já deveriam fazer isso, como forma de saírem na frente no mercado.
Os serviços que as fintechs poderão ofertar às empresas podem ir além da gestão de recebíveis oriundos de cobranças dos clientes PJs. “A antecipação que a instituição financeira pode fazer em relação ao Pix automático é uma grande oportunidade de ter mais segurança, lucro, praticidade e claro, já ganhar destaque no mercado. Por isso, os participantes precisam embarcar na onda desta nova modalidade que, mais cedo ou mais tarde, será aprovada”, diz Machado.