A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) apresentou, nesta sexta-feira, 3, uma versão revisada dos seus Princípios de Inteligência Artificial (IA), um conjunto de diretrizes internacionais para a tecnologia. As orientações atualizadas chegam para acompanhar a adoção de modelos de IA generativa e têm como foco o combate à desinformação.
Em coletiva de imprensa online, representantes da OCDE justificaram a revisão dos Princípios de IA em razão do avanço dos sistemas generativos no mundo, incluindo modelos disponíveis para uso do público geral e ferramentas que podem ser adaptadas às necessidades das empresas.
Acontece que a versão original do documento foi lançada em 2019 – portanto, três anos antes do lançamento do ChatGPT, em novembro de 2022, plataforma que deu início à corrida pelo desenvolvimento de modelos de IA generativa.
Desde então, segundo a organização, não apenas os investimentos em IA generativa cresceram, mas também as preocupações com a integridade das informações.
Os principais elementos da revisão são os seguintes:
• Adoção de mecanismos de defesa robustos para impedir ou reparar danos causados por sistemas de IA;
• Combate à desinformação e salvaguarda da integridade da informação;
• Conduta empresarial responsável ao longo de todo o ciclo de vida do sistema de IA;
• Garantia de que modelos de IA tenham transparência;
• Endereçar as preocupações de sustentabilidade ambiental;
• Incentivar as jurisdições a trabalharem juntas para promover uma governança interoperável sobre as plataformas de IA e um ambiente político para tratar da tecnologia.
A OCDE ressaltou que a disseminação de notícias falsas (fake news) é um risco ainda maior em períodos de eleição e que é importante evitar que modelos de IA generativa sejam usados para espalhar desinformação. Neste ano, por exemplo, ainda acontecem os processos eleitorais para o Parlamento Europeu e para a presidência dos Estados Unidos.
“Os países vão ter abordagens diferentes, mesmo com sistemas de governo similares. O que queremos é endereçar a governança da IA de forma abrangente e fora de suas jurisdições”, pontuou Audrey Plonk, líder da Divisão de Política de Economia Digital da Diretoria de Ciência, Tecnologia e Inovação da OCDE.
Apesar de os Princípios de IA da OCDE não serem vinculativos, foram adotados por 47 países e influenciaram medidas e legislações sobre a tecnologia, como a lei europeia. O Brasil não é membro da organização, mas pleiteia adesão.