A Terra foi formada há aproximadamente 4,6 bilhões de anos, durante o desenvolvimento do Sistema Solar, mas demorou muito para ela se tornar a ‘casa da civilização humana’. Ao decorrer de bilhões de anos, a estrutura terrestre passou por alguns estágios cruciais para a história geológica do planeta. Esses períodos são divididos em quatro eras (ou quatro éons geológicos), são elas: Hadeano, Arqueano, Proterozoico e Fanerozoico.
As eras geológicas da Terra são subdivididas em diferentes intervalos de tempo, cada um representando os registros fósseis coletados por cientistas. Por exemplo, as amostras indicam que o Mesozoico (parte do Fanerozoico), subdividido em Triássico, Jurássico e Cretáceo, foi a época em que os dinossauros dominaram a Terra — esse período ocorreu entre 252 milhões de anos atrás e 66 milhões de anos atrás.
Atualmente, a era que apresenta os maiores mistérios é o Hadeano, pois é a etapa geológica mais antiga da história da Terra. Ao todo, os pesquisadores estimam que ela se estende até o momento final da formação do planeta, há cerca de 4 bilhões de anos. Parte da dificuldade em compreendê-la é por conta da falta de registros fósseis preservados daquela época, quando o clima e os eventos astronômicos eram extremamente intensos.
“Hadeano, é a divisão informal do tempo pré-cambriano que ocorreu entre cerca de 4,6 bilhões e cerca de 4,0 bilhões de anos atrás. O Éon Hadeano é caracterizado pela formação inicial da Terra — a partir da acumulação de poeira e gases e das frequentes colisões de planetesimais maiores — e pela estabilização do seu núcleo e crosta e pelo desenvolvimento da sua atmosfera e oceanos. Como tal, o nome do intervalo é uma referência a Hades, uma tradução grega da palavra hebraica para inferno”, é descrito na enciclopédia Britannica.
Segundo os cientistas da área, entender o período Hadeano é fundamental para encontrar uma melhor compreensão sobre o início da evolução e da vida do planeta. Mas, o que a ciência já descobriu sobre essa época? Para responder à questão, reunimos informações de cientistas e especialistas da área.
O que é o Hadeano?
Por enquanto, a Terra é o único planeta que apresenta a vida como conhecemos, isso faz o Hadeano ser ainda mais importante para a ciência. Os pesquisadores podem utilizar os dados sobre o período para entender como a atmosfera mudou radicalmente na formação do planeta. Por exemplo, seria possível determinar quais biomarcadores estavam presentes durante as etapas de evolução do corpo celeste, mas as evidências são limitadas.
Mais importante que isso, os estágios primitivos do planeta poderiam revelar a história completa da biogeoquímica da Terra. Um estudo publicado na revista científica Reviews in Mineralogy descreve um pouco mais sobre o Hadeano, quando a atmosfera e os oceanos não tinham a presença de oxigênio molecular (O2) — foi apenas há 2,4 bilhões de anos que o oxigênio começou a se acumular na atmosfera.
Conforme o artigo explica, apesar da complexidade crescente ao longo dos anos, o planeta possibilitava uma biosfera puramente microbiana durante o período. Além disso, a superfície terrestre era significativamente instável durante o início do Hadeano. Alguns cientistas acreditam que a primeira crosta externa do planeta pode ter se formado nessa ocasião, há cerca de 4,4 bilhões de anos.
O termo Hadeano é derivado da palavra grega Hades, cunhado pelo geólogo estadunidense Preston Cloud, em 1927.Fonte: Wikimedia Commons
“Um rico registo desta evolução geobiológica ao longo da maior parte da história da Terra fornece assim insights sobre a detectabilidade remota da vida microbiana sob uma variedade de condições planetárias. O planeta Terra evoluiu ao longo dos últimos 4,5 mil milhões de anos, de um planeta totalmente anóxico (sem oxigênio), possivelmente com um regime tectônico diferente, para o mundo oxigenado com as placas tectônicas horizontais que conhecemos hoje”, os autores explicam.
O Hadeano também é caracterizado por uma atividade vulcânica massiva em toda a superfície da Terra, com erupções frequentes que causavam temperaturas extremas no clima. Foi justamente esta atividade vulcânica que pode ter contribuído para o desenvolvimento da primeira crosta externa e para a evolução da atmosfera e dos oceanos terrestres.
- Leia também: Vida pode ter evoluído quando o campo magnético da Terra entrou em ‘colapso’, diz estudo
O objetivo dos cientistas é entender como a história da Terra, que era completamente diferente há bilhões de anos, moldou o ambiente e a atmosfera para criar um lugar propício para a formação da vida. Assim, eles podem compreender mais sobre a história do nosso planeta e sobre os processos que possibilitaram o início da civilização — talvez dessa forma, a busca pela vida fora da Terra seja mais promissora.
Gostou do conteúdo? Então, aproveite para descobrir como a cosmoquímica pode nos ajudar a encontrar vida fora da Terra. E não esqueça de compartilhar a matéria com seus amigos nas redes sociais.