A rede social Bluesky, fundada por Jack Dorsey, criador do Twitter, pode ser uma boa alternativa para quem busca fugir do site que agora é liderada por Elon Musk. Antes, com uso restrito para apenas quem tivesse convite, agora a rede está aberta para quem deseja se cadastrar e começar a usar o microblog, além de desenvolver seus próprios apps dentro da própria plataforma.
Com isso, o Bluesky poderia rivalizar com o atual X? O TecMundo bateu um papo com Jay Graber, atual CEO do Bluesky e Rose Wang, COO da empresa, onde as executivas falaram sobre os planos para a rede social e o que a destaca e pode fazer com que ela fique a frente do antigo Twitter.
O Bluesky pode ser uma boa alternativa para quem deseja fugir do Twitter.
O que começou como uma plataforma de código aberto aliada ao Twitter acabou se tornando uma rede social separada. Quando assumiu o cargo, em 2021, Graber tinha em mente que o Bluesky poderia se destacar rapidamente no mercado construindo uma comunidade única.
O Bluesky pode ser o que você quiser
Ao falar sobre a comparação com o Twitter, Jay acredita que seja apenas uma coisa superficial. Por ser uma plataforma que pudesse ser “personalizada” pelo usuário, acaba tornando essa uma experiência única. Ela cita também os feeds customizáveis como uma alternativa ao clássico algoritmo, permitindo inúmeras formas de consumir e criar conteúdo.
Graber também destaca o poder que os desenvolvedores têm na plataforma. É possível construir “mini aplicativos” dentro do app. “Por exemplo, temos diversos desenvolvedores construindo novos aplicativos como apps de blogs, streaming de áudio, apps de vídeo, e essas coisas contam no gráfico social do Bluesky”.
Uma verdadeira “rede social”, com o usuário como protagonista
Jay Graber destaca que a missão do Buesky é construir uma comunidade que dá poder ao usuário, onde eles também possam expressar sua criatividade e consumir o tipo de conteúdo que desejam.
A chegada aos 5,6 milhões de contas ativas impressiona. A marca foi atingida logo após a abertura geral da rede, que retirou a necessidade de um convite para ter acesso. Rose Wang alia a possibilidade de criação aos números para destacar que o Bluesky é uma rede verdadeiramente social, onde as pessoas podem fazer amigos e interagir novamente.
“Como no TikTok, é uma ‘rolagem’ sem fim. E você acaba se sentindo mais desconectado do que conectado por não ter uma relação com a pessoa que está postando aquele conteúdo. Você está apenas tentando chegar ao próximo conteúdo. Com os feeds customizados do Bluesky, nós estamos trazendo o social de volta às mídias sociais. Por exemplo, nós temos um feed de ciências, com muitos cientistas do mundo inteiro. Existem conexões e informações e experts de diversos campos como química ou física e eles podem moderar o feed científico, corrigindo desinformações e fatos errados, e isso estará sendo feito por experts”.
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No Brasil, a plataforma tem ganhado uma boa quantidade de usuários. Além disso, o time tem prestado bastante atenção no tipo de conteúdo que o público brasileiro consome e nas personalidades que têm aderido à plataforma, como o presidente Lula. Com isso, o objetivo da empresa é investir mais nos brasileiros, e, com isso, foram adicionados recursos como GIFs e até mesmo um feed voltado para os usuários do país, que pode ser alimentado por meio de hashtags específicas.
Bluesky versus X
O X seria um dos rivais do Blusky
O X, antigo Twitter, é uma plataforma conhecida e bastante querida por seus fiéis usuários. Ao serem questionadas sobre como veem esse cenário e o grande trunfo para “destronar” a rede social comandada por Elon Musk, as executivas voltaram a falar sobre o crescimento orgânico, o senso de comunidade no Bluesky. Outro ponto é que os usuários tenham a liberdade de usar seus recursos desenvolvidos para a rede social em outros ambientes da internet.
Além de ajudar na construção da plataforma, a ideia é fazer os usuários interagirem e verdadeiramente conhecer uns aos outros. As executivas ressaltam a importância de criar feeds que sejam fáceis de serem encontrados e assim, estabelecer conexões reais.
“Nosso objetivo não é só replicar o Twitter, mas mostrar um novo paradigma de uma rede social que seja uma ‘propriedade do usuário’ e mais democrática, e também ajudar a criar um ambiente mais saudável onde as pessoas podem se encontrar e formar essas conexões sociais”, declarou Jay Graber. “Ao invés de focar em um estilo TikTok com vídeo, nós focamos em formas mais curtas primeiro, para que possamos ter certeza que tudo está funcionando, como os feeds customizáveis, a moderação e trazer as pessoas para isso”, ela complementa.
O grande trunfo então, seria esse: a verdadeira conexão entre os usuários. A possibilidade de fazer amigos e construir relacionamentos baseados nos gostos em comum.
Outro ponto que Jay destaca é que a empresa não quer repetir os erros cometidos no Twitter, além de dar o poder de escolha aos usuários. “Se alguém vir e tomar conta do BlueSky, ou, se eu parar de ser CEO, se tudo mudar, você pode simplesmente ir para outro app. Agora, se você quiser sair do Twitter (X), é difícil, pois o gráfico social está no Twitter, e isso permite que essas companhias façam todas essas mudanças drásticas e chateiem seus usuários, fazer coisas que as pessoas não gostam, mas elas não sentem que têm a opção de sair. E nós queremos que as pessoas tenham a opção de sair”, ela diz.
Mas, e a moderação?
Quanto à moderação dos conteúdos postados no Bluesky, Jay disse que há um grupo que garante o seguimento das regras da plataforma. Apesar da liberdade, a ideia é que a rede social seja uma comunidade segura, bem moderada e livre de discursos de ódio.
Os usuários podem alertar sobre posts inadequados.
Contudo, ela dá o exemplo de como a comunidade pode monitorar o conteúdo. “Vamos dizer que você não gosta de imagens de aranhas. Você pode ativar um filtro que retira as fotos de aranhas do seu feed. E se você ver a foto de uma aranha que não gostaria que estivesse lá, pode reportá-la e eles irão cuidar disso, irão ajudar a fazer a moderação da sua experiência no Bluesky”.
Já quanto às eleições, Wang destacou que serão contratados moderadores para cuidar das informações que serão espalhadas. A executiva também disse que essa é uma questão prioritária e que usarão seus conhecimentos e experiências para combater a desinformação no período. Inclusive, a recente contratação de Aaron Rodericks, especialista em desinformação eleitoral, reforça a proposta. A ideia é que Rodericks faça com que a plataforma siga as legislações de diversos países e contribua para o controle de informações.