O CEO da TIM, Pietro Labriola (foto acima), deu hoje, 6, mais detalhes do projeto que envolve a venda do controle da unidade de infraestrutura óptica FiberCo para o grupo IHS. Conforme o executivo, a empresa que nasce terá foco total em última milha, devendo construir a rede de acesso em locais indicados para a TIM.
Este modelo, frisou, é o que diferencia a FiberCo da Infraco, a empresa de infraestrutura óptica da Oi cujo controle deve ser vendido a fundos do banco BTG Pactual.
Para Labriola, por seguir o plano industrial da TIM, a Fiberco será uma operadora de rede aberta, e não de rede neutra. Vale lembrar que a última milha construída pela empresa terá uso exclusivo da TIM por seis meses. Apenas após esse intervalo outros interessados poderão negociar o uso.
Mas há ainda outra possibilidade. A FiberCo poderá executar para a TIM trabalhos de construção de backbone e backhaul, especialmente nos casos em que a TIM determinar a implantação de última milha onde ainda não existe sequer a infraestrutura óptica de transporte.
Novamente, ele ressalta que o modelo é diferente da Infraco, pois esta venderá acesso de última milha a quaisquer interessados e também terá ofertas de atacado para uso de backbone e backhaul nacional. Produto que a FiberCo não terá.
Labriola vê ainda possíveis sinergias com a própria Infraco. A empresa de rede neutra da Oi poderá ser a fornecedora do backbone e do backhaul para a rede de acesso da FiberCo.
“Se vou cobrir uma cidade com a Fiberco no lastmile, posso pedir para construir o backhaul. E podemos ser cliente da Infraco em backbone e backhaul. Vamos comprar, se o preço for competitivo, a oferta de backhaul ou backbone”, afirmou.
Estratégia
A FiberCo deverá ter, em quatro anos, 8,9 milhões de homes passed (casas aptas a assinar banda larga por fibra), como divulgado ontem. Atualmente, tem 6,4 milhões de HPs, dos quais metade são FTTH (fibra até a residência) e metade FTTC (fibra até o armário da operadora, chegando à casa do cliente por cabo de cobre).
Haverá migração do FTTC para FTTH, tecnologia mais veloz, apenas em locais onde isso for comercialmente importante. Ou seja, dependerá na competição ali. Hoje a TIM Live tem 300 mil clientes atendidos por FTTC, em quatro anos o número deve cair para 100 mil.
Os novos aportes da FiberCo serão em FTTH. A empresa terá de construir em cidades onde não há nenhuma empresa ainda operando, ou em cidades onde a TIM pode se tornar o segundo principal competidor em banda larga. Nos mercado onde há mais competidores, a alternativa deve ser usar outras redes neutras.
Conforme Labriola, há muitas cidades ainda sem fibra ou competição na fibra que podem ser alvo. O mercado Brasileiro, argumento, está ainda longe da maturidade, e o número de domicílios cobertos com fibra vai dobrar nos próximo três anos. Além disso, pontuou, a 5G vai exigir mais small cell em telefonia celular, o que também demandará maior capilaridade da fibra óptica.
Assim, a parceria com a IHS vai reduzir em dois terços o Capex da TIM Live, e aumentar o custo operacional. Na prática, significa aumento do fluxo de caixa livre para a operadora, liberando dinheiro para aportes em outras frentes.
Terceiros e contratos
Não está claro, porém, como ficam os empregados e contratos da TIM com fornecedores e terceirizados. Durante a call com investidores, Adrian Calaza, CFO, afirmou que 1 mil pessoas seriam transferidas para a FiberCo. Depois, em conversa com jornalistas, o CEO Labriola disse que o número não era exatamente este e ressaltou que muito do trabalho da FiberCo é executado por terceirizados.
Calaza também lembrou que os contratos fechados com fornecedores de equipamentos e prestadoras de serviços poderão ser renegociados. “Os contratos podem ser revisados. Quem vai administrar isso vai ser a Fiberco. A gente acha que os contratos são férteis, têm bom componente de preço e qualidade. Depois vamos entender o que a Fiberco vai querer fazer com empresas externas [terceiros]. Provavelmente vai revisar essa premissa”, disse.
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