Provedores competitivos que atuam principalmente na região Sul admitiram que estão desarticulados para formação de consórcio visando a participação no leilão do 5G. “Estamos bastante desorganizados para atuar na licitação das faixas de 3,5 GHz ou de 26 GHz”, afirmou Gilmar Balbinot, da Acessoline Telecom (ALT), com sede em Chapecó, em Santa Catarina, que participou de debate virtual promovido pela Revista RTI.
Charles Thiele, diretor da gaúcha Sygo Telecom, considera a frequência muito cara e as obrigações pesadas, de acordo com o edital divulgado pela Anatel e que agora está sendo examinado pelo Tribunal de Contas da União (TCU). De acordo com o texto, as operadoras regionais teriam que atender com a nova tecnologia as cidades com menos de 30 mil habitantes que, segundo Thiele, são mais de 80% dos municípios do Rio Grande do Sul.
“Na China, só no primeiro aporte para o 5G, para construção de 718 mil estações, o custo foi de mais de R$ 40 bilhões, custos operacionais de mais de R$ 150 bilhões”, disse Thiele. Segundo ele, é preciso considerar também o impacto no custo da energia elétrica das erbs, que consomem até três vezes mais que uma estação 4G, sem desconsiderar o ciclo de vida do 5G, já que o tempo de maturação pode chegar a sete anos.
Além disso, sustenta o diretor da Sygo, são exigidas garantias de proposta de preço de até 180 dias e de execução de compromissos, o que torna uma carga muito pesada para um provedor regional acompanhar. “Então para que possamos participar ou é um consórcio ou poderemos ser um braço das grandes operadoras que vão executar o 5G”, avalia.
JP Linné, da Br.digital Telecom, disse que está aguardando as opções que serão passadas pela TelComp (Associação Brasileira das Prestadoras de Serviços de Telecomunicações Competitivas) às empresas associadas. Para ele, com a saída da Oi, vai sobrar mais uma frequência além das regionais. Ele acredita que esse fato pode derrubar o ágio das faixas em leilão. “Caso isso ocorra, por meio da entidade, poderemos apresentar uma proposta para a Anatel, em nível nacional, não regionalmente”, disse.
A Br.digital, que atua no atacado, ligando o Sul do país a São Paulo, mas que tem rede na maioria das grandes cidades brasileira, está construindo a quarta rota, saindo do Rio Grande do Sul para São Paulo. O tráfego carregado pela rede da prestadora, que usa OPGW e fibra óptica, chega a 1,8 Tbps após a pandemia. Antes disso não passava de 200 Gbps.
Para o CCO da Brasil TecPar, Flávio Gomes, os provedores têm muito trabalho a fazer antes de ter posse de uma licença de radiofrequência. “Nosso papel fundamental é ofertar infraestrutura para o detentor da autorização”, defende.
Outra forma de participação dos provedores na tecnologia 5G será por meio de MVNOs. Todas elas já dispõem ou estão em fase de implantação. Segundo o diretor da MHNet, Laírto dos Santos, a experiência do passado com o leilão de sobras, que se mostrou inviável para a maioria dos provedores que adquiriram os lotes da faixa de LTE, fez com que o setor se mostrasse mais cuidadoso.
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